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sexta-feira, 31 de julho de 2009

O TEMPO E O VENTO- Érico Veríssimo

Leitura muito interessante à deste livro do escrito gaúcho. Questões históricas relacionadas a conflitos entre castelhanos e portugueses, estabelecimento das fronteiras no Rio Grande do Sul, Sepé Tiaraju, maragatos, chimangos, enfim várias expressões culturais do Estado vizinho estão expressas nesta obra.
Algumas passagens:
Há uma passagem em que o chefe moral de Santa Fé, Ricardo Amaral, destaca sua passagem por Porto Alegre, pelo Palácio do Governador (p. 135).
- Imaginem só! Eu em minha casa no Palácio! Bom. Tomei assento e então conversei sobre coisas de nosso município. Fui mui franco, porque não sou como quero-quero que canta pra um lado e tem ninho pra outro. Dissimulação não é comigo. “General – eu disse – as coisas vão mal assim como estão...”
Em outra passagem, do título Um certo Capitão Rodrigo (p.172,173), Rodrigo Cambará chega a Santa Fé e assim se sucede:
[...] Apeou na frente da venda do Nicolau, amarrou o alazão no tronco dum cinamomo, entrou arrastando às esporas, batendo na coxa direita com o rebenque, e foi logo gritando assim com o ar de velho conhecido;
- Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!
Havia ali uns dois ou três homens, que o miraram de soslaio sem dizer palavra. Mas dum canto da sala ergueu-se um moço moreno, que puxou uma faca, olhou para Rodrigo e exclamou:
- Pois dê!
Os outros homens afastaram-se como para deixar a arena livre, e Nicolau, atrás do balcão, começou a gritar:
- Aqui dentro não! Lá fora! Lá fora!
Rodrigo, porém, sorria imóvel, de pernas abertas, rebenque pendente do pulso, mãos na cintura, olhando para o outro com um ar que era ao mesmo tempo de desafio e de simpatia.
- Incomodou-se amigo?- perguntou-lhe jovial, examinando o rapaz de alto a baixo.
- Não sou de briga, mas não costumo agüentar desaforo.
- Oôi bicho bom!
Os olhos de Rodrigo tinham uma expressão cômica.
- Essa sai ou não sai?- perguntou alguém do lado de fora, vendo que Rodrigo não desembainhava a adaga. O recém-chegado voltou à cabeça e respondeu calmo;
- Não sai. Estou cansado de pelear. Não quero puxar arma pelo menos por um mês. – Voltou-se para o homem moreno e, num tom sério e conciliador, disse: Guarde a arma amigo.

Capital Inicial


Ao assistir o DVD ao vivo desta banda em Brasília, dá para se perceber como se faz ainda música de qualidade no Brasil. Várias de suas composições antigas, músicas mais românticas como “Primeiros Erros”, “A sua maneira” ou “O Mundo”, e ainda “Eu nunca disse adeus”, mas também composições críticas como “Fátima”, que criticam a fé cega na cristandade.
Várias letras da Legião Urbana, como “Geração Coca-Cola”, “Por Enquanto” e “Que País é Este”.
Mas o ponto alto talvez tenha sido quando cantaram uma letra das antigas, dos tempos do Aborto Elétrico. E o interessante que é a julgar pela fala do vocalista Dinho Ouro Preto, a ditadura militar não ocorreu há tanto tempo assim, como parece. Ao se conversar com os adolescentes que são nossos alunos, a distância temporal entre a ditadura e a democracia parece ser muito grande, mas não é. A música cantada foi citada como uma das que foi censurada no início dos anos 80. Chama-se “Veraneio Vascaína”, e expressa uma crítica pesada ao militarismo policial daquele período histórico: “Cuidado pessoal, lá vem vindo a Veraneio, toda pintada de preto, branco, cinza e vermelho, com números do lado, tendo dentro dois ou três tarados, assassinos armados, uniformizados, Veraneio Vascaína, vem dobrando a esquina”

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A CRISE INTERNACIONAL DOS COMBUSTÍVEIS E O AUMENTO NO PREÇO DOS ALIMENTOS

CESAR CAPITANIO - Professor de Geografia e História
MARINEIVA MACALI - Acadêmica de Processos Gerenciais pela UNIASSELVI

1 A CRISE ENERGÉTICA GLOBAL

O combustível fóssil mais usado no mundo, desde o início do século XX, com a ascensão do automóvel, é o petróleo. Enquanto recurso mineral, as reservas de petróleo despertam a cobiça das gigantescas multinacionais (como a Exxon, a Texaco e a Royal Dutch/Shell), bem como de nações capitalistas centrais, especialmente os EUA, definidos pelo seu próprio presidente, George W. Bush como “viciados em petróleo”.

A prospecção de petróleo ocorre em várias partes do mundo, mas o consumo é diferente de país para país. Por exemplo, os EUA são um dos maiores produtores mundiais de petróleo, mas precisa importar contingentes imensos de petróleo. Por outro lado, os membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) são grandes produtores de petróleo, mas baixos consumidores, o que os leva a terem reservas do mineral destinadas para exportação. São exemplos de países que estão no rol de grandes exportadores de petróleo, a Arábia Saudita, o Iraque, o Kuwait, os Emirados Árabes, a Venezuela e a Nigéria. Sendo assim, estas nações têm em seus territórios a possibilidade de regular a oferta mundial de petróleo e seguidamente ocorrem aumentos no preço do barril. E seus territórios adquirem importância geopolítica impressionante.

Acontece que a previsão de esgotamento deste recurso mineral, somado a ganância dos “sheiks” e das multinacionais petrolíferas, elevou o preço do barril a níveis estratosféricos. Se na década de 70 houve crise, o que dizer do preço do barril hoje ter passado e bem a cifra de U$ 100,00? Neste sentido e segundo Rizzo & Pires (2005, p.95):

O debate acerca da sustentabilidade despertou entre os países produtores de petróleo a consciência sobre o caráter não-renovável de sua riqueza. Por conta disso a Opep, no início dos anos 70, começou a endurecer o jogo com os países importadores. Diversas variáveis tiveram importância na crise energética dos anos 70. O aumento contínuo do consumo de petróleo fez com que pela primeira vez a demanda estivesse pari passu com a oferta. Os Estados Unidos já haviam chegado à sua capacidade máxima de extração e não poderiam reagir a uma contração na oferta mundial de petróleo sem perdas significativas em termos de crescimento econômico.


Como alternativa, em um primeiro momento as nações capitalistas centrais resolveram entrar em choque com parte destes produtores de petróleo. Os EUA resolveram primeiro combater o Irã, depois o Iraque, formou alianças com a Arábia Saudita e os Emirados Árabes, e já no século XXI participaram ativamente da tentativa de golpe de Estado na Venezuela[1]. Sempre houve nestes confrontos o interesse em possuir nestes países governos aliados ou mesmo “capachos”, para uma garantia de importação de petróleo, de preferência em um preço baixo. Neste sentido, Aiatolá Khomeini, Saddam Hussein e Hugo Chávez foram sendo tratados como parte do “Eixo do Mal”.

O Brasil iniciou ainda na década de 70 a sua guinada para os biocombustíveis. Isto se processou no governo militar, com a criação do Pró-álcool, lei de incentivo ao plantio de cana-de-açúcar com vistas à fabricação de álcool. Sobre a comodity do álcool no Brasil, Oliveira (2007, p.3) afirma:
O álcool combustível brasileiro, derivado da cana-de-açúcar, com custo médio de US$ 22/barril, é competitivo com a gasolina derivada do petróleo, existindo possibilidades favoráveis do aumento desta competitividade nos próximos anos, quando o preço do combustível fóssil já supera US$ 60/barril e tende a crescer ainda mais, visto sua escassez aumentar a cada período.

Como se vê, houve uma explosão muito grande em pouco tempo no preço do barril do petróleo, visto este artigo ser bastante recente. Isto se acentuou após 30 anos do programa de álcool do Brasil, e várias nações do mundo passaram a repensar sua matriz energética. É isto que veremos a seguir.


2 BIOCOMBUSTÍVEIS E INFLAÇÃO DOS ALIMENTOS

Ao que consta Rudolph Diesel, ao desenvolver o motor estacionário, teve como uma primeira experiência o uso de óleo de amendoim, para só após utilizar o óleo de origem mineral que levou inclusive seu nome (óleo diesel). Portanto, por mais que esta discussão pareça extremamente nova e muitos experimentos vem sendo desenvolvidos, já é de longa data se saber que não só a queima de combustíveis fósseis move os motores, e aí já estamos excetuando o carvão mineral ou vegetal.

Mas, foi apenas no século XXI que os biocombustíveis ganharam notoriedade global. Desde então, o Brasil além de dar uma reoxigenada na cadeia produtiva da cana, passou a incentivar o plantio e a pesquisa para biomassa na canola, no girassol, na soja, no babaçu, no dendê, no pinhão manso, dentre outros. Os EUA passaram a destinar sua produção de milho com vistas à produção de etanol, bem como importar toneladas deste cereal; a Europa passou a incentivar o plantio de enormes áreas de canola e colza.

E quem foi acusado de causar a inflação e a diminuição dos estoques de alimentos no mundo? Pois bem, o Brasil. Mas como se vê uma gama imensa de países do mundo produz biocombustíveis, e a produção brasileira de cana ocorre desde os anos 80. Sem contar que a área demandada para a produção de cana ocupa uma faixa bastante pequena do universo de terras agricultáveis brasileiras. E a um outro detalhe: o primeiro produto incentivado pelo governo Lula a partir de 2003 foi à mamona, especialmente para o semi-árido nordestino, onde a questão climática não torna aquelas terras propriamente voltadas para a agricultura de alimentos. Aliás, a alternativa da mamona foi exatamente de uma planta que resista a situações climáticas adversas. Mas então o que causou a crise mundial dos alimentos?

Há que se considerar diversas razões. Uma delas diz respeito ao crescimento econômico vigoroso de boa parte dos países emergentes. Isto provocou um aumento acentuado do consumo nestes países, como no caso da China, da Índia e inclusive no próprio Brasil. De acordo com Suzuki Junior (2008, p.5):

...em termos per capita, as economias em desenvolvimento registraram avanço da ordem de 83,5%, com a renda por habitante saltando de US$ 2,8 mil, em 1998, para US$ 5,2 mil em 2007 [..] o que estabeleceu condições propícias para o aumento da demanda de inúmeros bens. Portanto, não é por acaso que o consumo per capita de carne bovina na China, embora em patamares ainda baixos, passou de 3,8 quilos no exercício de 1998 para 5,6 quilos no ano de 2007, ampliando a demanda por ração animal e, conseqüentemente, por alguns produtos agrícolas.

Mas, obviamente não se pode negar que o uso intenso de propriedades rurais com vistas à produção de oleaginosas que serão matéria-prima para biocombustíveis também ajudou a reduzir os estoques reguladores de alimentos no mundo todo. Associado a isto, o fenômeno aquecimento global, que causa desequilíbrios climáticos em várias partes do globo (enchentes, estiagens prolongadas) também contribuiu para a situação de risco.

Analisando pela questão climática e as toneladas de dióxido de carbono que vão para a atmosfera, além da possibilidade de esgotamento, o petróleo está com os dias contados. É necessário se repensar esta matriz energética, que não passa apenas por mudar a questão dos combustíveis, mas também a eletricidade (sua geração). As termelétricas, muito embora não muito utilizadas no Brasil, são movidas a petróleo, e em alguns países são a principal fonte de energia. Então, os biocombustíveis são uma alternativa ecologicamente mais correta, em partes. Digo em partes, pois se analisarmos apenas a questão da emissão de gases, poderíamos dizer que os biocombustíveis são ambientalmente melhores. Mas se analisarmos que a ampliação da fronteira agrícola brasileira, por exemplo, pode devastar áreas imensas de Floresta Amazônica (e por tabela, depósitos de carbono) aí este argumento se desfaz.

Mas há outras alternativas para a matriz energética como um todo. Senão vejamos: energia eólica e solar, biodigestores, energia das marés, usinas termonucleares[2].

Mas e a questão da inflação dos alimentos? Pois bem, uma possibilidade de solução plausível seria a retirada de subsídios agrícolas na Europa, nos EUA e no Canadá. Assim, nações subdesenvolvidas com base em economia primária poderiam potencializar a produção de alimentos, inclusive com vistas ao mercado externo, reduzindo o déficit do estoque de alimentos. Outra questão seria a possibilidade de que os países pudessem intervir mais no mercado, reduzindo o impacto causado pela especulação e pelos atravessadores, que aproveitam a crise para ganhar muito dinheiro. Também seria importante que o petróleo baixasse o preço. Mas o que vemos ainda não é esta solução.

Cunha (2008, texto eletrônico) assim refere:

Como a China ainda não dá sinais de redução significativa em seu crescimento econômico, o barril de petróleo só recua a sua cotação quando o dólar (já bastante desvalorizado) sobe um pouco, e os biocombustíveis estão apenas começando a conquistar seu mercado, os governos de cada país tentam tomar suas iniciativas para se precaver. A Argentina, para frear a inflação que atingiu 9,1% em 2007, tentou garantir o abastecimento do mercado interno tributando as exportações. O tiro saiu pela culatra e os agricultores fizeram greve até a suspensão da medida. Já o Brasil segurou a exportação apenas dos estoques de arroz que pertencem ao governo. Enquanto o Banco Mundial projeta uma alta de 52,3% para o arroz em todo o mundo em 2008, por aqui o acumulado de 12 meses está em 9,27%.

Como se vê, a cadeia agrícola dos biocombustíveis está apenas engatinhando. Então, é provável que haja choque por áreas agrícolas, entre os defensores dos biocombustíveis, e os defensores da produção agrícola com vistas à alimentação. Sendo assim, parece provável que a crise alimentícia tende a piorar. Mas não se pode esquecer que somos 6,5 bilhões de pessoas no globo, e que a tecnologia atual da agricultura pode produzir alimentos para mais de 10 bilhões de pessoas. Há ainda a possibilidade de obtenção de biomassa a partir de elementos descartados, que causavam poluição, como é o caso do óleo de cozinha, do lixo orgânico doméstico, do vinhoto nas usinas de cana-de-açúcar, da serragem das madeireiras, do dejeto suíno, enfim, biomassa que ajuda a diminuir os impactos ambientais provocados pelo ser humano. Parece-me que biocombustíveis e alimentos podem ambos ser alternativas para a agricultura brasileira, e que a crise dos alimentos tem aspectos mais políticos, e com conotação macroeconômica do sistema capitalista, do que uma afirmativa simplista de que os biocombustíveis fizeram aumentar os preços dos alimentos.

E quem sofre mais é o consumidor mais pobre, vítima da especulação e de um sistema que privilegia a busca de alternativas em combustíveis, porém não consegue eliminar a mazela mais cruel, que é a fome de milhões de seres humanos, não pela ausência de comida, mais sim pela ânsia do lucro.




REFERÊNCIAS

CUNHA, Rodrigo. O intrincado quebra-cabeças da crise dos alimentos. Disponível em <http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=36&id=431>. Acesso em 05/07/08.

RIZZO, Luis Gustavo P. & PIRES, Marcos Cordeiro. A questão energética: da exaustão do modelo fóssil ao desafio da sustentabilidade. In: Revista de Economia & Relações Internacionais. São Paulo: Fundação Armando Álvares Penteado, jan. 2005, vol. 3, no 6.

SUZUKI JR, Júlio T. A. A elevação do preço dos alimentos e o crescimento dos emergentes (p. 4-5). In: Revista Análise Conjuntural. Curitiba: IPARDES, mar./abr. 2008, v. 30.

OLVEIRA, Luiz César. Uma “dose” de álcool na macroeconomia brasileira (p 1-22)2007. Disponível em: 20de%20%E1lcool%20na%20Macroeconomia%20brasileira.pdf>.Acesso em 05/07/08.


[1] Quando houve a tentativa de deposição do presidente Hugo Chavez, em 2001.
[2] Com a diminuição dos riscos de acidentes neste tipo de usina, elas passam a ser uma alternativa.

Mito da Caverna em O Mundo de Sofia

GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia. Trad. João Azenha Jr.. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, (p. 104-106)
DEIXANDO PARA TRÁS AS TREVAS DA CAVERNA
Platão nos conta uma parábola que ilustra bem esta reflexão. Nós a conhecemos por alegoria da Caverna. Vou contá-la com minhas próprias palavras.
Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de sorte que tudo o que vêem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando através dessas figuras, elas projetam sombras bruxuleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que vêem são a única coisa que existe.
Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira sombras, ofusca sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede.
Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que vêem é tudo o que existe. Por fim, acabam matando-o.
O que Platão nos mostra com esta alegoria da caverna é o caminho que o filósofo percorre das noções imprecisas para as idéias reais que estão por trás dos fenômenos da natureza. Na certa Platão também estava pensando em Sócrates, que tinha sido morto pelos “habitantes da caverna” por ter colocado em dúvida as noções a que eles estavam habituados e por querer lhes mostrar o caminho do verdadeiro conhecimento. Desta forma, a alegoria da caverna é uma imagem da coragem e da responsabilidade pedagógica do filósofo.
Platão defende o ponto de vista de que a relação entre as trevas da caverna e a natureza fora dela corresponde à relação entre as formas da natureza e o mundo das idéias. Ele não acha a natureza em si sombria e triste, mas acha sim que ela é sombria e triste em relação à clareza das idéias. A foto de uma bela jovem não é sombria e triste. Ao contrário. Só que não deixa de ser uma foto.

CIDADÃO NORTE-AMERICANO (por Ralph Linton)

O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário no Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional, antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão, cuja planta se tornou doméstica na Índia; ou linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no Oriente Próximo; ou de seda, cujo emprego foi descoberto na China. Todos estes materiais foram fiados por processos inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso dos mocassins que foram inventados pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos e entra no quarto de banho, cujos aparelhos são uma mistura de invenções européias e norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o pijama, que é vestuário inventado na Índia, e lava-se com sabão que foi inventado pelos antigos gauleses; faz a barba que é um rito masoquístico que parece provir dos sumerianos ou do antigo Egito.
Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira do tipo europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário têm a forma das vestes de pele originais dos nômades das estepes asiáticas; seus sapatos são feitos de peles curtidas por um processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão proveniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra ao pescoço é sobrevivência dos xales usados aos ombros pelos croatas do século XVII. Antes de ir tomar seu breakfast, ele olha a rua através da vidraça feita de vidro inventado no Egito; e se estiver chovendo, calça galochas de borracha, descoberta pelos índios da América Central e toma um guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de feltro, material inventado nas estepes asiáticas.
De caminho para o breakfast, pára, para comprar um jornal, pagando-a com moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda uma série de elementos tomados de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A faca de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é o inventado na Itália medieval, a colher vem de um original romano. Começa seu breakfast com uma laranja vinda do Mediterrâneo oriental, um melão da Pérsia, ou talvez uma melancia africana. Toma café, planta abissínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a idéia de aproveitar o leite são originários do Oriente Próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na Índia. Depois das frutas e do café, vêm waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como matéria-prima o trigo, que se tornou planta doméstica na Ásia Menor. Rega-os com xarope de maple, inventado pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos. Como prato adicional talvez coma um ovo de uma espécie de ave domesticada da Indochina ou delgadas fatias de carne de um animal domesticado na Ásia Oriental, salgada e defumada por um processo desenvolvido no Norte da Europa.
Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado pelos índios americanos e que consome uma planta originária do Brasil: fuma cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarros, provenientes do México. Se for fumante valente, pode ser que fume mesmo um charuto, transmitido à América do Norte pelas Antilhas, pela Espanha. Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for um bom cidadão conservador, agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua indo-européia, o fato de ser 100% americano.

LINTON, Ralph. O homem: uma introdução à Antropologia. 8ª ed., São Paulo, Martins Ed., 1971, p.331-2)

GEOGRAFIA EM CANÇÃO

Cesar Capitanio- 23 de julho de 2009.
Nos últimos anos vemos o surgimento de novas técnicas de ensino, com a inserção cada vez maior do uso da Internet na Educação. O uso de pequenos vídeos, de imagens, mapas temáticos, pequenos jogos eletrônicos paradidáticos, a presença do Google Earth, do youtube, são apenas algumas das novas ferramentas que podem ser utilizadas em sala de aula e aí podemos dar ênfase ao ensino de Geografia.
Porém, o uso de músicas em sala de aula, que não se pontua como recente, é algo muito importante na Geografia. O uso de músicas em sala de aula, até a década de 90, era imediatamente pensado na disciplina de Inglês, ou uma música a ser encenada e apresentada em eventos colegiais.
Na verdade, o uso das músicas em Geografia pode expressar questões culturais interessantes da região em que foi composta, bem como elementos territoriais e até reflexões políticas importantes. Vejamos alguns exemplos:
1- Chico Science[1] e Nação Zumbi-esta banda de rock de Pernambuco inaugurou um ritmo musical conhecido como mangue beat, em que as reflexões musicais mostram a vivência dos moradores dos mangues de Recife. Ideias sobre estas canções:
a) Da lama ao caos-nesta canção são citados problemas sociais, que impedem à completa emancipação do cidadão, e neste sentido a questão da fome. No verso “com a barriga vazia, não consigo dormir, mas com o bucho mais cheio comecei a pensar, que eu me organizando posso desorganizar”, a questão da fome ganha contornos políticos, ou seja, a própria organização comunitária ganha força quando suprida esta primeira necessidade básica dos seres humanos. Ainda podemos nos referir a citação de Josué de Castro[2] (“ o Josué, eu nunca vi tamanha desgraça”), expressões nordestinas, como “gabiru” e a explanação da vida de catador de caranguejo.
b) Manguetown – música regravada pelos Paralamas do Sucesso, também fala da vida nos mangues, muito bem expresso em “estou enfiado na lama, é um bairro sujo, onde os urubus têm asas, mas eu não tenho casa”.
2- Gilberto Gil – dentre várias canções queria destacar uma música que expressa e muito o mundo globalizado e com tecnologias extremamente avançadas no campo das comunicações. Chama-se “Pela Internet”, e é uma espécie de paródia de um samba da década de 1920, do compositor Donga, chamado “Pelo Telefone”. Trabalha-las em conjunto é uma atividade muito interessante, pois se podem comparar as tecnologias.
Em “Pelo Telefone”, há uma passagem assim: “ e o chefe da Polícia carioca avisa pelo telefone que tem uma roleta para se jogar”. Já em “Pela Internet”, Gil assim se expressa: “e o chefe da polícia carioca avisa pelo celular, que lá na Praça Onze tem um vídeo-pôquer para se jogar”.
Ainda se podem discutir os termos da música de Gilberto Gil, como hacker, gigabytes, homepage, hot-link, rede, Internet, etc.
3- O Rappa - em especial duas canções, desta banda carioca que mistura elementos do rap a um rock pesado, porém extremamente crítico.
a) Rodo Cotidiano – música fala da vida de trabalhador, do uso do transporte coletivo do Rio de Janeiro. “Como um Concorde apressado, cheio de força, voa mais pesado que o ar, avião do trabalhador”.
b) Meu mundo é de barro – fala da vida de quem chega sozinho em uma cidade, sem “padrinho”, e precisa se virar. Chama-se a atenção para o verso “não tenho trabalho nem passe, sou novo aqui, não tenho trabalho nem classe, sou novo aqui”, e ainda “sou quase um cara, não tenho cor nem padrinho, nasci no mundo, sou sozinho”.
3- Outras músicas-podem-se citar por cantores:
a) Legião Urbana-Que país é este (fala de problemas sociais por regiões brasileiras), Índios (reflexões acerca da aculturação, domínios e desrespeito aos indígenas).
b) Paralamas do Sucesso – Alagados (fala de problemas sociais das favelas do Rio de Janeiro).
c) Luiz Gonzaga – Asa Branca (Sertão Nordestino)
d) Mário Zan – Chalana (Pantanal, Rio Paraguai)
e) Racionais MCs – várias letras, como Negro Drama, Vida Louca, que transmitem ideias da vida na periferia, da violência, do preconceito para com o negro.
f) Gauchescas – músicas como Canto Alegretense, reproduzem termos, localidades e questões culturais do Rio Grande do Sul. “Um pito” de Osvaldir e Carlos Magrão, além disso, remete a uma lógica de vida e de decisão (o momento em que o jovem precisa sair de casa).


[1] Já falecido.
[2] Que escreveu dentre outros livros, Geografia da Fome e Homens e Caranguejos.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Milton Santos


Disponível em :http://www.google.com.br/imgres?q=milton+santos&um=1&hl=pt-BR&sa=N&tbm=isch&tbnid=nseugyexSHxeiM:&imgrefurl=http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Educacao/MiltonSantos.htm&docid=7nSscKLRlrh3bM&w=252&h=324&ei=VtROToe_A8rosQLOicntDA&zoom=1&iact=hc&vpx=141&vpy=98&dur=1734&hovh=255&hovw=198&tx=111&ty=186&page=1&tbnh=141&tbnw=110&start=0&ndsp=15&ved=1t:429,r:0,s:0&biw=1024&bih=571. Acesso em: 19/08/2001
Baiano, nascido em Brotas de Macaúbas no ano de 1926, e falecido em São Paulo no ano de 2001, Milton Santos foi o principal teórico da Geografia brasileira, e um dos mais importantes do mundo. Preocupado com os problemas sociais, com a periferização das cidades brasileiras, com importantes reflexões acerca das questões do ser cidadão, do consumo, da sociedade atual e o período da Revolução Técnico-Científica-Informacional, suas obras estão entre as mais lidas de todos os intelectuais brasileiros


segunda-feira, 20 de julho de 2009

Desporto, bem-estar e política.

Ao se aproximar a Olimpíada de Beijing, a questão do desporto ganha espaço midiático extremamente notável. A questão dos esportes, especialmente os de alto rendimento, provoca uma paixão incrível nas pessoas, um frenesi de delírio nas arquibancadas. Neste sentido, a imprensa divulga (nestes momentos) esportes menos populares, não de massa, como o futebol, e se conhecem também estruturas de treinamento, no Brasil, na Rússia, na China, nos EUA ou em Cuba.
A teóloga alemã Dorothee Sölle ao ser questionada sobre o como explicaria a felicidade a um menino, esta diz, “não explicaria, daria uma bola para que jogasse”. Isto já é suficiente para entender o bem-estar proporcionado pelas práticas esportivas. Os gregos, na Antiguidade projetavam a questão dos Jogos Olímpicos como homenagens a Zeus, e neste período a cada 4 anos no mês de julho cessavam as guerras entre as cidades-Estado. Havia a lógica da cultuação através do desporto; corporeidade é uma questão muito estudada na Educação Física, esta questão de sermos “uno”, corpo e espírito.
Mas onde entra a questão da política em desporto? Os romanos usavam muito da preparação física no Exército, como estratégia para o domínio. Talvez a lógica atual de disputa esteja imbuída deste princípio. Muito embora a projeção de Barão de Coubertin, ao reeditar os Jogos Olímpicos, no século XIX, tivesse o princípio da integração, o que se observa (afora o fair play) é a lógica do desporto enquanto manifestação de poder e lucro.
Galeano (2002, p. 168) assim se refere “a FIFA, que tem trono em Zurique, o Comitê Olímpico Internacional, que reina em Lausanne e a empresa ISL Marketing[1], manejam os campeonatos mundiais de futebol e as olimpíadas” O autor chama a atenção para as sedes de estas empresas serem exclusivamente a Suíça, bem como a ânsia por lucros ser idêntica em ambas. Segundo Galeano (Idem, p.170) ao se referir sobre patrocinadores e sua escolha, esta não recai necessariamente sobre os produtos mais sadios “[..] é preciso escolher quem paga mais. [...] A Coca-Cola, nutritivo elixir que não pode faltar no corpo de nenhum atleta, encabeça sempre a lista. Suas virtudes milionárias a deixam fora de qualquer discussão”.
Não há também como esquecer da lavagem de dinheiro, da corrupção, das máfias que cada vez mais interferem nos esportes de alto rendimento. É clássica já a investigação da empresa russo-iraniana MSI, e todos os problemas relacionados ao Corinthians em 2005, quando este foi campeão brasileiro. Como também é clássica a questão da manipulação de resultados que envolvem jogadores, árbitros e dirigentes ao lucrativo mercado das apostas, sejam na Itália, no Brasil, ou qualquer lugar.
E o que dizer então da Copa do Mundo de 78, comprada pela ditadura militar argentina, como estratégia de “anestesiar mentes” e se esquecer das torturas, dos desaparecimentos de opositores ao regime[2]? Ou o afastamento do treinador da seleção brasileira de 1970, João Saldanha, por este ser comunista e criticar a ditadura militar? Poderíamos ainda citar a intervenção de Mussolini na escalação da seleção italiana em 1934 e 1938, e ainda toda cooptação e brutalidade dirigida pelo fascismo[3]?
Outra questão a ser destacada é o do fascínio do dinheiro, ganho por “heróis” nacionais, como Ronaldo, Ronaldinho ou Kaká. Constrói-se a mentalidade de que para ser bem-sucedido, a garotada da periferia necessariamente precisa jogar futebol, e se esquece de dizer que uma minoria de atletas ganha salários astronômicos e uma outra maioria absoluta (mais de 90 %) ganham o insuficiente para viver ou simplesmente atuam de maneira amadora e com altos sacrifícios financeiros. É desigual a distribuição de recursos, dos clubes europeus (Inglaterra, Itália e Alemanha principalmente) para clubes brasileiros ou argentinos; são desiguais os investimentos na 1ª Divisão para outras divisões do Campeonato Brasileiro; é desigual o investimento em futebol em São Paulo na comparação com estados do Norte ou Nordeste. Sem contar que é preciso desmistificar a questão dos ídolos; são pessoas. Neste sentido também, a lógica financeira transforma atletas em mercenários que não respeitam nem mesmo seu país. Exemplo disto foi o caso dos brasileiros que jogam a NBA, Nenê, Anderson Varejão e Leandrinho, que desfalcaram a seleção de basquete para continuar atuando em seus clubes nos EUA. Neste sentido, foi um estadunidense, jogador de basquete da mesma NBA, Anthony Carmello, quem criticou estes, ao dizer que nunca deixaria de representar seu país.
A lógica meramente da disputa não transforma o esporte numa ferramenta de auxílio à educação, e nem torna possível à inclusão pelo esporte. É claro que algumas coisas positivas ocorrem, resta ver todos os investimentos de programas como o Segundo Tempo, ou as categorias de base dos clubes, que motivam e agregam crianças para a vida, mas é necessário se rever algumas destas prática, em nível mundial. Não queremos aqui desmerecer a lógica da disputa, pois quem disputa quer vencer, e todos torcem por seu clube ou país. Porém, é necessário que se pense sobre estas questões e se combata os mercenários do desporto. Isto se vê também nos Jogos Abertos de Santa Catarina. Determinado esporte que possui escolinha com vários atletas recebe uma estrutura pequena, enquanto às vezes se contrata uma delegação inteira de outra localidade apenas para ganhar medalha em determinado esporte. Ou ainda, pensando naquela gurizada que saltou a entrada do Colégio Pedro Maciel, nos dias de nosso curso (e que atrapalharam nosso curso, diga-se de passagem) o que é estratégico e fundamental para o lazer e o desporto em uma cidade? Gastar 17 milhões no Centro Eventos? Quantos ginásios poderiam ser construídos? Quantos professores de dança, de educação física, de iniciação ao teatro poderiam ser contratados para atuar nos bairros? O que é fundamental? Quantas estruturas escolares poderiam ser remodeladas? Mas o que dá mídia? O que é a inclusão pelo esporte, pela arte e pela educação?
Cesar Capitanio, setembro de 2006
OBS. O curso citado foi de formação de professores no Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) de Chapecó-SC.

REFERÊNCIA

GALEANO, Eduardo. Futebol ao sol e à sombra. Tradução de Eric Nepomuceno e Maria do Carmo Brito. Porto Alegre: LP&M, 2002.

[1] A mesma que fez parcerias com Grêmio e Flamengo, e que vem sendo investigada por corrupção.
[2] No livro El hijo del Ajedrecista , Fernando Rodriguéz Mondragón descreve como o Cartel de Cali intermediou o pagamento de milhões pela ditadura argentina para a seleção peruana entregar o jogo, que terminou seis a zero para a Argentina e eliminou o Brasil.
[3] A imprensa oficial italiana chegou ao cúmulo de publicar, após vitória da seleção italiana sobre a brasileira: “Saudamos o triunfo da inteligência itálica contra a força bruta dos negros”.

AOS ESPANHOIS CONFINANTES

Um filme recomendado por tratar da região Oeste de Santa Catarina, e em especial uma viagem feita em 1929 pelo alto escalão do Governo Estadual.

Cuzco, eterna capital do Império Inca

Disponível em: http://www.google.com.br/imgres?q=cuzco&um=1&hl=pt-BR&sa=N&tbm=isch&tbnid=2kdz_J_dniapQM:&imgrefurl=http://www.travelpod.com/travel-photo/henagaijin/1/1275559271/banksy-in-cuzco.jpg/tpod.html&docid=hwErkc4bjbPuOM&w=550&h=413&ei=-9ROToL6EcXksQLwkf3DBg&zoom=1&iact=hc&vpx=718&vpy=84&dur=1313&hovh=194&hovw=259&tx=121&ty=84&page=4&tbnh=128&tbnw=165&start=39&ndsp=14&ved=1t:429,r:4,s:39&biw=1024&bih=571. Acesso em 19/08/2011.
Disponível em:http://www.google.com.br/imgres?q=mapa+cuzco+puma&um=1&hl=pt-BR&biw=1024&bih=571&tbm=isch&tbnid=sTrqhbCdAaXrhM:&imgrefurl=http://gracita-sowen.blogspot.com/2008_09_13_archive.html&docid=F1cnAA90SYl3qM&w=400&h=300&ei=PtVOTq-vNu2msAKzx8HFBg&zoom=1&iact=rc&dur=297&page=1&tbnh=127&tbnw=180&start=0&ndsp=12&ved=1t:429,r:4,s:0&tx=152&ty=98. Acesso em: 19/08/2011
Disponível em:
http://www.google.com.br/imgres?q=cuzco&um=1&hl=pt-BR&biw=1024&bih=571&tbm=isch&tbnid=jiOTmn3jEWNwOM:&imgrefurl=http://www.travel-amazing-southamerica.com/cuzco.html&docid=OZyaNNmg5AOfCM&w=550&h=390&ei=k9VOTu6zL4igsQKS7vjYBg&zoom=1&iact=rc&dur=187&page=13&tbnh=121&tbnw=161&start=167&ndsp=15&ved=1t:429,r:11,s:167&tx=67&ty=86. Acesso em: 19/08/2011





Cuzco, a capital do Antigo Império Inca, onde seu desenho original lembrava a figura de um puma, se localiza próximo a Machu Picchu, atualmente uma das 7 maravilhas do Mundo.
Tinha certa organização espacial. Atualmente é uma cidade média do Peru (cerca de 320 mil habitantes), na Cordilheira dos Andes. No futebol, se destaca nesta cidade o Club Sportivo Cienciano.

Ciência Geográfica e Geografia Escolar

A ciência geográfica, muito embora de sistematização mais recente, com Ratzel na Alemanha recém-unificada do século XXI, têm sua origem (como quase tudo que se refere às ciências) na antiga Civilização Grega. Por terem dominado vastas porções do sudeste europeu (e algumas porções do Oriente Médio) e serem excelentes navegadores, os gregos puderam elaborar descrições das culturas existentes naquele período, bem como elaborar os primeiros mapas que já incluíam alguma formatação científica de fato. A palavra Geografia provém dos termos gregos Geo=Terra e graphein=escrever. Mesmo sendo considerado o pai da História, Heródoto pode ser descrito como um dos grandes pensadores que ajudam a sistematizar a ciência geográfica. Aproximadamente 450 anos antes de Cristo, Heródoto já havia elaborado mapa, e contava histórias que envolviam o Norte da África, boa parte da Europa, Oriente Médio, vagas noções da Índia e a Cítia (corresponde ao sul da atual Rússia). Outro grego, Estrabão, é quem escreveu obra com o nome Geografia, no início da Era Cristã, e era uma espécie de enciclopédia de conhecimentos geográficos daquele período.Com o passar dos anos, e especialmente a partir das Grandes Navegações, que estabeleceram o reconhecimento de novos territórios, em outros continentes que não o Velho Mundo, houve um aperfeiçoamento das informações geográficas, bem como dos aparelhos que serviam a localização espacial (bússola, quadrante, astrolábio).Com a modernização capitalista nos séculos XVIII e XIX, pensadores como Kant, Rousseau e Montesquieu passam a estabelecer relação profunda entre humanidade e meio ambiente. Especialmente Rousseau, em sua obra Emílio ou da Educação, há preocupação com a formação escolar em Geografia, para que os indivíduos aprendessem de fato Geografia.No século XX, a Geografia serviu bastante aos Estados na questão militar. A ponto de que Yves Lacoste chegou a escrever A Geografia isto serve em primeiro lugar para fazer a guerra. Várias invenções que aperfeiçoavam o domínio das informações do espaço geográfico passaram a servir nas estratégias militares, tais como a internet, o uso de aviões, de satélites, enfim. No século passado ocorreram grandes embates ideológicos em todas as ciências, em um mundo regido pela disputa da Guerra Fria, e na Geografia não foi diferente.Chegamos ao século XXI, contando já com a queda da URSS e do socialismo de Estado. Porém, uma série de confrontos de ordem militar, econômica e cultural ainda torna o mundo bastante fragmentado pelas diferenças. Temos algumas questões geopolíticas bastante presentes, tais como os conflitos que envolvem os EUA com parte do mundo islâmico, especialmente os chamados grupos terroristas. Há o surgimento de novas potências econômicas, as tais economias emergentes, em especial a China, mas sem desconsiderar Índia, Brasil, México, África do Sul e Coréia do Sul.Outra questão bastante presente é a evolução dos meios de comunicação. A geração de alunos que convivemos em sala de aula nasceu no auge da Terceira Revolução Industrial, onde produção, técnica e informação caminham lado a lado e onde a novidade se torna banal em muito pouco tempo. Em sala de aula temos certa dificuldade em acompanhar esta geração do Ipod, do MP3, MP4 (até MP7), dos pen-drives, que vivencia uma conexão global e just in time por e-mail, MSN, ou sites de relacionamento (especialmente orkut); uma geração que expõe preferências e vivências em blogs, uma geração que acompanha as tendências de maneira muito efêmera. Porém é uma geração que chega ao mundo sabendo que a humanidade degradou sobremaneira o espaço geográfico. Palavras como aquecimento global, inversão térmica, poluição hídrica e desmatamento são corriqueiras em nosso dia-a-dia.Professores de Geografia precisam minimamente compreender esta nova configuração da comunicação, que acelera o contato cultural e “encurta” as distâncias globais. Por outro lado, Geografia continua sendo uma ciência social que analisa o espaço geográfico e sua relação com os seres humanos. Então é preciso esclarecer aos alunos que valores baseados na formação solidária não devem ser desconsiderados. É necessário que se formem cidadãos preocupados com os problemas sociais, ecologicamente engajados, e que conheçam a Geografia também a partir das vivências de campo.

CAPITANIO, C. Ciência Geográfica e Geografica Escolar. Revista Destaques. Chapecó, p.33 - 33, 2009.