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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ciência Geográfica e Geografia Escolar

A ciência geográfica, muito embora de sistematização mais recente, com Ratzel na Alemanha recém-unificada do século XXI, têm sua origem (como quase tudo que se refere às ciências) na antiga Civilização Grega. Por terem dominado vastas porções do sudeste europeu (e algumas porções do Oriente Médio) e serem excelentes navegadores, os gregos puderam elaborar descrições das culturas existentes naquele período, bem como elaborar os primeiros mapas que já incluíam alguma formatação científica de fato. A palavra Geografia provém dos termos gregos Geo=Terra e graphein=escrever. Mesmo sendo considerado o pai da História, Heródoto pode ser descrito como um dos grandes pensadores que ajudam a sistematizar a ciência geográfica. Aproximadamente 450 anos antes de Cristo, Heródoto já havia elaborado mapa, e contava histórias que envolviam o Norte da África, boa parte da Europa, Oriente Médio, vagas noções da Índia e a Cítia (corresponde ao sul da atual Rússia). Outro grego, Estrabão, é quem escreveu obra com o nome Geografia, no início da Era Cristã, e era uma espécie de enciclopédia de conhecimentos geográficos daquele período.Com o passar dos anos, e especialmente a partir das Grandes Navegações, que estabeleceram o reconhecimento de novos territórios, em outros continentes que não o Velho Mundo, houve um aperfeiçoamento das informações geográficas, bem como dos aparelhos que serviam a localização espacial (bússola, quadrante, astrolábio).Com a modernização capitalista nos séculos XVIII e XIX, pensadores como Kant, Rousseau e Montesquieu passam a estabelecer relação profunda entre humanidade e meio ambiente. Especialmente Rousseau, em sua obra Emílio ou da Educação, há preocupação com a formação escolar em Geografia, para que os indivíduos aprendessem de fato Geografia.No século XX, a Geografia serviu bastante aos Estados na questão militar. A ponto de que Yves Lacoste chegou a escrever A Geografia isto serve em primeiro lugar para fazer a guerra. Várias invenções que aperfeiçoavam o domínio das informações do espaço geográfico passaram a servir nas estratégias militares, tais como a internet, o uso de aviões, de satélites, enfim. No século passado ocorreram grandes embates ideológicos em todas as ciências, em um mundo regido pela disputa da Guerra Fria, e na Geografia não foi diferente.Chegamos ao século XXI, contando já com a queda da URSS e do socialismo de Estado. Porém, uma série de confrontos de ordem militar, econômica e cultural ainda torna o mundo bastante fragmentado pelas diferenças. Temos algumas questões geopolíticas bastante presentes, tais como os conflitos que envolvem os EUA com parte do mundo islâmico, especialmente os chamados grupos terroristas. Há o surgimento de novas potências econômicas, as tais economias emergentes, em especial a China, mas sem desconsiderar Índia, Brasil, México, África do Sul e Coréia do Sul.Outra questão bastante presente é a evolução dos meios de comunicação. A geração de alunos que convivemos em sala de aula nasceu no auge da Terceira Revolução Industrial, onde produção, técnica e informação caminham lado a lado e onde a novidade se torna banal em muito pouco tempo. Em sala de aula temos certa dificuldade em acompanhar esta geração do Ipod, do MP3, MP4 (até MP7), dos pen-drives, que vivencia uma conexão global e just in time por e-mail, MSN, ou sites de relacionamento (especialmente orkut); uma geração que expõe preferências e vivências em blogs, uma geração que acompanha as tendências de maneira muito efêmera. Porém é uma geração que chega ao mundo sabendo que a humanidade degradou sobremaneira o espaço geográfico. Palavras como aquecimento global, inversão térmica, poluição hídrica e desmatamento são corriqueiras em nosso dia-a-dia.Professores de Geografia precisam minimamente compreender esta nova configuração da comunicação, que acelera o contato cultural e “encurta” as distâncias globais. Por outro lado, Geografia continua sendo uma ciência social que analisa o espaço geográfico e sua relação com os seres humanos. Então é preciso esclarecer aos alunos que valores baseados na formação solidária não devem ser desconsiderados. É necessário que se formem cidadãos preocupados com os problemas sociais, ecologicamente engajados, e que conheçam a Geografia também a partir das vivências de campo.

CAPITANIO, C. Ciência Geográfica e Geografica Escolar. Revista Destaques. Chapecó, p.33 - 33, 2009.

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