Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O assassinato do amigo Marcelino Chiarello

Ainda profundamente abalado com a morte do vereador e professor Marcelino, estamos tentando retomar o curso da vida, mas com reflexão crítica a respeito de nossa sociedade (era isso que o Marcelino fazia nas aulas de Filosofia)
Acompanhando parte da cobertura da mídia, creio que esta merece um destaque negativo. No Jornal Diário do Iguaçu, coluna do Perroni, usando a expressão “Do leitor”, o diretor administrativo deste jornal, Ronaldo Roratto, associa a vinda do advogado Luiz Eduardo Greenhalg a não solução do caso de Santo André (claro, parte da grande mídia queria que o culpado fosse o Zé Dirceu) Além da falta de sensibilidade com família e amigos, qual a intenção de desviar o foco jornalístico? Na Rádio Chapecó, sábado pela manhã (03/11/11), o apresentador Plínio Ritter criticou o Zé Dirceu (o chamou de mensaleiro e outras coisas), porque supostamente este teria dito que Chapecó é terra de coroneis, e que este caso (o do Marcelino) foi o único da cidade (deste gênero). Além de jornalismo tão seletivo (escolheu o Zé Dirceu para atingir o PT, a repercussão negativa para a cidade está no Diário do Grande ABC, Portal Terra, Veja On Line, etc.), tem que refrescar a memória, sr. apresentador, além da escalada da violência comum, teve o caso do tiro ao vereador Dino do PMDB, a morte (por suicídio, versão não aceita pela família) do vereador Marcos Bocchi, a tentativa de cassação do Fritsch, no primeiro ano de governo, numa clara prova, que setores da “direitona” não querem largar o osso, e ainda tem o caso de 1950, com o linchamento dos presos (na sequência alguns apontamentos) E ainda “cultuamos” o Coronel Ernesto Francisco Bertaso, que ao que consta comprou a patente de Coronel (ele não era militar, mas era o chefe moral da cidade). E o caso de Róbson Gonçalves, foi mesmo acidente?
Sobre coronelismo, tem que conhecer a história da cidade, sr. apresentador. A primeira sede da comarca, a partir de 1917, foi o Passo Bormann, logo após Xanxerê, e até 1931, a sede da comarca ficava na disputa entre estas duas vilas, no “lombo do burro” como diziam os moradores, e com claras provas de mandonismo (expressão branda para coronelismo). Em 1931, a sede da comarca veio para Passo dos Índios (atual Chapecó) porque aqui ficava a sede da Empresa Colonizadora Bertaso, do Coronel Ernesto Francisco Bertaso (esse é o nome da praça, sr. apresentador, e o colégio do Bairro São Cristóvão)
E aí vem o caso de 1950. A leitura do livro O linchamento que muitos querem esquecer, da professora Mônica Haas, é emblemática. Detalhe, ao escrevê-lo, Mônica recebeu ameaças (“algumas veladas, outras nem tanto”, segunda a própria). Duas pessoas incendiaram a igreja (possivelmente para roubar) e mais duas foram incriminadas injustamente (segundo inúmeras evidências). Mas na época, a “direitona” (coincidentemente era o PSD, o partido dos Bertaso) havia perdido as eleições municipais para uma aliança getulista (UDN e PTB) e os irmãos Lima (os que injustamente foram acusados de incendiários) eram ligados ao PTB. E algumas pessoas influentes articularam a invasão a cadeia, e promoveram o linchamento, com repercussão negativa de Chapecó para o mundo todo. Por dois anos, a empresa Bertaso teve um refluxo nas vendas de terras, e a cidade passou a se rearticular apenas com criação do Frigorífico Chapecó, na mesma década.
Eu sei que alguns que lerem isso vão dizer, “o Cesar é maluco” e coisas do gênero. Mas não podemos pensar na história apenas pela ótica positivista, da tradição, família e propriedade.
Sobre o caso em questão. A morte do Marcelino não pode significar o fim das investigações de desvio de dinheiro do Fundo Social (tem que investigar no Estado todo). Não pode significar também o refluxo da luta do magistério estadual, nem do funcionalismo municipal, nem dos trabalhadores do transporte coletivo, da agricultura familiar, etc. E aqui em Chapecó, acho no mínimo imoral alguns contratos da Prefeitura Municipal (com a Koop, Nutriplus, Prosul, por exemplo).
E outro destaque negativo: as manifestações do ex-prefeito João Rodrigues, na sexta-feira (02/11/11). Há muito tempo venho dizendo que ele não teve uma boa educação (num embate com o vereador Marcelino, o Chiarello disse que se o João Rodrigues tivesse sido seu aluno, ele teria aprendido um pouco de educação). O interessante que só foi o ex-prefeito se manifestar para provocar a contra-reação petista no sábado (03/11/11). É um cidadão que não tem a polidez necessária para um cargo público, pois destila o ódio, fomenta a divisão política da cidade.
Cobramos agilidade nas investigações. Agilidade e serenidade. A cidade não precisa de alguém que estimule a violência, exatamente pelo contrário. Até para recuperar uma boa imagem para Chapecó. Sem revanchismo. Tentando superar a perda do companheiro e amigo. E da imprensa, cobra-se decência e imparcialidade, esta última se possível. Até porque a imagem de Chapecó para fora ficou ruim; para recuperar a imagem é necessário se chegar aos culpados logo.


Cesar Capitanio, professor de Geografia

Nenhum comentário:

Postar um comentário