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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Fenômeno dos Rios Voadores

O termo ‘rio voador’* descreve com um toque poético um fenômeno real que tem um impacto significante em nossas vidas.

Rios voadores são cursos de água atmosféricos, invisivíes, que passam em cima das nossas cabeças transportando umidade e vapor de água da bacia Amazônica para outras regiões do Brasil.

A floresta amazônica funciona como uma bomba d'água. Ela puxa para dentro do continente umidade evaporada do oceano Atlântico que, ao seguir terra adentro, cai como chuva sobre a floresta. Pela ação da evapotranspiração da floresta esquentada pelo sol tropical, as árvores devolvem a água da chuva para a atmosfera na forma de vapor de água, que volta a cair novamente como chuva mais adiante.

Propelidas em direçao ao oeste pelos ventos alíseos, as massas de ar carregadas de umidade - boa parte dela proveniente da evapotranspiração da floresta - encontram a barreira natural formada pela Cordilheira dos Andes. Elas se precipitam parcialmente nas encostas leste da cadeia de montanhas, formando as cabeceiras dos rios amazônicos. Barradas pelo paredão de 4.000 metros, as correntes aéreas (ou rios voadores), ainda carregadas de vapor d’água, fazem a curva e partem em direção ao sul, para as regiões do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil e os países vizinhos. É assim que o regime de chuva e o clima do Brasil se deve muito a um acidente geográfico localizado fora do país.

Ao se encontrar com certas condições meteorológicas, como uma frente fria vinda do sul, por exemplo, essa umidade trazida da Amazônia pelos rios voadores (que a gente nem percebe) pode ser transformada em chuva. Chuva essa que é de suma importância para nossa vida e para a economia do país, irrigando as lavouras, enchendo os rios terrestres e as represas que fornecem nossa energia. O projeto Rios Voadores busca colocar uma lupa neste processo, voando junto com os ventos, coletando amostras de vapor em busca de maiores explicações.

Por incrível que pareça, a quantidade de vapor de água transportada pelos rios voadores pode ter a mesma ordem de grandeza, ou mais, que a vazão do rio Amazonas (200.000 m3/s), tudo isso graças aos serviços prestados da floresta. Estudos promovidos pelo INPA já mostraram que uma árvore com copa de 10 metros de diâmetro é capaz de bombear para a atmosfera mais de 300 litros de água, em forma de vapor, em um único dia - ou seja, mais que o dobro da água que um brasileiro usa diariamente! Estima-se que haja 600 bilhões de árvores na Amazônia: imagine então quanta água a floresta toda está bombeando a cada 24 horas!

A preservação da Floresta Amazônica é essencial para o Brasil. As imagens das queimadas e do desmatamento são tristes, mas a repercussão a longo prazo pode ser ainda pior. Não somente pela perda da biodiversidade, mas porque a destruição da Floresta Amazônica pode trazer consequências inimagináveis. Ela não é apenas um monte de árvores longe da gente. Mesmo distante, ela tem um impacto significante em nossas vidas, regulando o clima, absorvendo calor do sol ao transforma a chuva em vapor de água e fornecendo umidade para outras regiões do Brasil. Se ela desaparecer, vai sobrar ainda mais ar quente, e será ar muito quente!

Disponível em:http://www.riosvoadores.com.br/o-projeto/rios-voadores. Acesso em:22/08/2011

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