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quinta-feira, 23 de julho de 2009

GEOGRAFIA EM CANÇÃO

Cesar Capitanio- 23 de julho de 2009.
Nos últimos anos vemos o surgimento de novas técnicas de ensino, com a inserção cada vez maior do uso da Internet na Educação. O uso de pequenos vídeos, de imagens, mapas temáticos, pequenos jogos eletrônicos paradidáticos, a presença do Google Earth, do youtube, são apenas algumas das novas ferramentas que podem ser utilizadas em sala de aula e aí podemos dar ênfase ao ensino de Geografia.
Porém, o uso de músicas em sala de aula, que não se pontua como recente, é algo muito importante na Geografia. O uso de músicas em sala de aula, até a década de 90, era imediatamente pensado na disciplina de Inglês, ou uma música a ser encenada e apresentada em eventos colegiais.
Na verdade, o uso das músicas em Geografia pode expressar questões culturais interessantes da região em que foi composta, bem como elementos territoriais e até reflexões políticas importantes. Vejamos alguns exemplos:
1- Chico Science[1] e Nação Zumbi-esta banda de rock de Pernambuco inaugurou um ritmo musical conhecido como mangue beat, em que as reflexões musicais mostram a vivência dos moradores dos mangues de Recife. Ideias sobre estas canções:
a) Da lama ao caos-nesta canção são citados problemas sociais, que impedem à completa emancipação do cidadão, e neste sentido a questão da fome. No verso “com a barriga vazia, não consigo dormir, mas com o bucho mais cheio comecei a pensar, que eu me organizando posso desorganizar”, a questão da fome ganha contornos políticos, ou seja, a própria organização comunitária ganha força quando suprida esta primeira necessidade básica dos seres humanos. Ainda podemos nos referir a citação de Josué de Castro[2] (“ o Josué, eu nunca vi tamanha desgraça”), expressões nordestinas, como “gabiru” e a explanação da vida de catador de caranguejo.
b) Manguetown – música regravada pelos Paralamas do Sucesso, também fala da vida nos mangues, muito bem expresso em “estou enfiado na lama, é um bairro sujo, onde os urubus têm asas, mas eu não tenho casa”.
2- Gilberto Gil – dentre várias canções queria destacar uma música que expressa e muito o mundo globalizado e com tecnologias extremamente avançadas no campo das comunicações. Chama-se “Pela Internet”, e é uma espécie de paródia de um samba da década de 1920, do compositor Donga, chamado “Pelo Telefone”. Trabalha-las em conjunto é uma atividade muito interessante, pois se podem comparar as tecnologias.
Em “Pelo Telefone”, há uma passagem assim: “ e o chefe da Polícia carioca avisa pelo telefone que tem uma roleta para se jogar”. Já em “Pela Internet”, Gil assim se expressa: “e o chefe da polícia carioca avisa pelo celular, que lá na Praça Onze tem um vídeo-pôquer para se jogar”.
Ainda se podem discutir os termos da música de Gilberto Gil, como hacker, gigabytes, homepage, hot-link, rede, Internet, etc.
3- O Rappa - em especial duas canções, desta banda carioca que mistura elementos do rap a um rock pesado, porém extremamente crítico.
a) Rodo Cotidiano – música fala da vida de trabalhador, do uso do transporte coletivo do Rio de Janeiro. “Como um Concorde apressado, cheio de força, voa mais pesado que o ar, avião do trabalhador”.
b) Meu mundo é de barro – fala da vida de quem chega sozinho em uma cidade, sem “padrinho”, e precisa se virar. Chama-se a atenção para o verso “não tenho trabalho nem passe, sou novo aqui, não tenho trabalho nem classe, sou novo aqui”, e ainda “sou quase um cara, não tenho cor nem padrinho, nasci no mundo, sou sozinho”.
3- Outras músicas-podem-se citar por cantores:
a) Legião Urbana-Que país é este (fala de problemas sociais por regiões brasileiras), Índios (reflexões acerca da aculturação, domínios e desrespeito aos indígenas).
b) Paralamas do Sucesso – Alagados (fala de problemas sociais das favelas do Rio de Janeiro).
c) Luiz Gonzaga – Asa Branca (Sertão Nordestino)
d) Mário Zan – Chalana (Pantanal, Rio Paraguai)
e) Racionais MCs – várias letras, como Negro Drama, Vida Louca, que transmitem ideias da vida na periferia, da violência, do preconceito para com o negro.
f) Gauchescas – músicas como Canto Alegretense, reproduzem termos, localidades e questões culturais do Rio Grande do Sul. “Um pito” de Osvaldir e Carlos Magrão, além disso, remete a uma lógica de vida e de decisão (o momento em que o jovem precisa sair de casa).


[1] Já falecido.
[2] Que escreveu dentre outros livros, Geografia da Fome e Homens e Caranguejos.

Um comentário:

  1. Amei as ideias desse blog, adoro trabalhar com musica a geografia... nota dez

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