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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Bom dia alunos aos 8os anos da EBM Jardim do Lago

As 5 postagens na sequência e mais a postagem mais popular (sobre Cuzco) servem como ferramenta ao conteúdo atual da Geografia dos 8os anos. Estamos estudando a América Andina e na sequência a América Platina.

De moto pela América do Sul

Livro:
De Moto Pela América do Sul - Diário de Viagem - 2ª Ed. 2003
Autor: Guevara, Ernesto Che
Editora: Sa Editora
Categoria: Literatura Estrangeira / Biografias e Memórias

Filme:
Título original: (The Motorcycle Diaries)

Lançamento: 2004 (EUA)

Direção: Walter Salles

Atores: Gael García Bernal, Susana Lanteri, Mía Maestro, Mercedes Morán.

Duração: 128 min

Gênero: Drama

Status: Arquivado



Contada quase sempre na primeira pessoa e em discurso indirecto, Ernesto (Che) Guevara, descreve em forma de apontamentos de viagem, a sua travessia da América do Sul numa motocicleta, durante aproximadamente os nove meses que irá decorrer esta sua primeira viagem fora da Argentina, ele irá não somente admirar as belas paisagens da região, mas também terá os primeiros contactos directos com a miséria dos seus habitantes. A acção decorre durante o ano de 1952 e ?Che? tem 23 anos quando começa a viagem. Irá festejar o 24º aniversário, a 14 de Junho, em plena selva peruana na companhia de um grupo de leprosos.Com descrições algumas vezes em tom jocoso, outras com apurado espirito critico, vamos acompanhando os aventureiros: um estudante de medicina e um bioquímico, na sua caminhada para o norte. Pelo Chile, Peru, Brasil (acidentalmente) , Colômbia e Venezuela, onde acaba a aventura para Alberto que aí se queda trabalhando por algum tempo. Já sem a companhia deste, Che Guevara consegue uma passagem de avião para Miami, onde acaba por ser preso e recambiado para a Argentina, ( ver ?Os meus anos com o Che, da Guatemala ao México? de Hilda Gadea).? E se fossemos à América do Norte?? É com esta sugestão que começam as aventuras e desventuras de quatro personagens: Che Guevara, Alberto Granado, o cão Come- back que nem chega a sair da Argentina, ficando em Córdoba sob a tutela de ?Chichina? Ferreyra que nessa altura era a namorada do Che e, a Poderosa II, uma velha e maltratada mota que prematuramente, antes mesmo de chegar a Santiago do Chile (cerca de um décimo do percurso previsto), se vai recusar a prosseguir, soltando um último ronco e aí terminar seus dias. A partir de então, o que deveria ser o relato da odisseia de ?dois vagabundos motorizados?, passa a ser a de ?dois vagabundos não motorizados...?, segundo as suas próprias palavras.Um grande espírito aventureiro, muito poder de sedução e de persuasão e escassos recursos financeiros, são o espólio e os argumentos com que os dois argentinos vão progredindo para o norte nem sempre pela via mais directa. O longo percurso é definido pela oportunidade de um destino ou pelo acaso de um eventual meio de transporte, o que por vezes acarreta estadas mais longas que o previsto. Para conseguirem um mínimo de condições que lhes permita ir sobrevivendo terão de aceitar trabalhos provisórios tais como motorista de camião, marinheiros, guardas, médicos e até lavadores de pratos ( ver ?Che Guevara, como se constrói uma lenda?, de Martin Ebon ).No entanto, nem as vicissitudes da viagem, nem a sistemática falta de meios económicos e muito menos os violentos crónicos ataques de asma de Che Guevara são motivo para desanimar os aventureiros ou tão pouco refrear o seu espírito de solidariedade, principalmente com os mais desprotegidos da sorte. São exemplos disso, a forma abnegada como se dedicam aos doentes da leprosaria de San Pablo situado na selva peruana, onde os leprosos constróem uma balsa e lhes oferecem ou o sentimento de revolta que expressam em relação ao modo como são tratados os mineiros chilenos nas minas de Chuquicamata. Aqui, é confrangedora a forma como descreve o conhecimento que trava com um casal em estado de extrema dificuldade para sobreviver e com quem dividem um dos dois únicos cobertores que possuem. A realidade ? geográfica, política, social, antropológica e até gastronómica - do continente sul americano no inicio dos anos 50, vai sendo registado em apontamentos salpicados algumas vezes de bom humor e muita jovialidade, outras com tristeza e indignação, pelo que viria a ser uma das mais emblemáticas, controversa e inconformadas personagens ( ou mito? ou lenda? ou herói? ) da América Latina no século XX, naquele que foi o seu primeiro périplo por esta portentosa região.
Disponível em:http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_46405.html.Acesso em:26/09/2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ilhas Galápagos

O Equador é dividido em 4 regiões: a Amazônia, a leste; os Andes, na parte central de seu território, com inúmeros picos, alguns vulcões, e onde se localiza Quito, a capital; a Costa, a oeste, onde está Guayaquil, a maior cidade; e por último as Galapágos, no meio do Oceano Pacífico.
Abaixo, imagens de tartarugas gigantes, iguanas, piqueiros dos pés azuis, percurso de Charles Darwin e mapas das Galapágos.

Disponível em:http://turismo.culturamix.com/blog/wp-content/gallery/fotos-ilhas-galapagos/ilhas-galapagos-2.jpg. Acesso em:23/09/2011




Disponível em:http://www.ppvieira.blogger.com.br/Galapagos.gif. Acesso em:23/09/2011





Disponível em:http://ciencia.hsw.uol.com.br/ilhas-galapagos1.htm. Acesso em:23/09/2011




Disponível em:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1rgSNFiHlXwMRodx8ionpT2RKCd96du8OjPoavcFjVcD6b6-umGc0yUEkC5yxsWAvrRET6NWS59pSLtORaSvm36FHJwwOcFB0dWNhBtX9swGjat283eCn-JR4wAH_yvCTp-ih_ATSpW4/s1600-h/marine_iguana_beach%5B1%5D.jpg. Acesso em:23/09/2011



Disponível em:http://darwinhp.vilabol.uol.com.br/darwin.html. Acesso em:23/09/2011

Geoglifos de Nazca

Disponível em:http://static.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/11/nazca-geoglifo.jpg. Acesso em:23/09/2011



Disponível em:http://blogdoplastico.com/wp-content/uploads/2010/02/mapa_nasca.jpg. Acesso em: 23/09/2011



Este talvez seja um dos maiores mistérios da humanidade, as Linhas de Nazca estão localizadas no Peru, em uma região de altiplanos que sofrem muito pouca ação do tempo como erosão e chuvas, e é por este motivo que as linhas foram conservadas por tanto tempo. Acredita-se que elas foram criadas entre os séculos VIII e III a.C., mas esta suposição não é confirmada por falta da evidências.

Algumas linhas não tem uma forma definida, outras são formas geométrica bem definidas, mas a atração do local são mesmo os desenhos em forma de animais, Macacos, Pássaros, Cães, Aranhas e algumas representações “humanoides”.
Não se sabe qual o motivo que levou os povos antigos daquela região a criar estas linhas, já que do solo não é possível ver nenhuma das figuras, somente sobrevoando o local, e também não existe um monte ou montanha que facilitasse a visualização quando não existiam máquinas voadoras.
Estudiosos de diversas áreas já se empenharam em tentar descobrir o significado destas linhas, uns afirmam que é algum tipo de horóscopo baseado nas constelações, os mais radicais afirma que são desenhos feitos para serem vistos por alienígenas, mas nenhuma conclusão se chegou e o mistério ainda persiste.
Disponível em:http://blogdoplastico.com/2010/02/17/as-linhas-de-nazca/. Acesso em:23/09/2011

Chichén Itzá

Uma das 7 maravilhas do mundo, está cidade arqueológica maia está localizada no estado mexicano de Yucatã. Destaque para a pirâmide de Kukulkan, na foto a seguir:

Disponível em:http://www.google.com.br/imgres?q=chich%C3%A9n+itz%C3%A1&hl=pt-BR&biw=772&bih=407&gbv=2&tbm=isch&tbnid=EKTmh4s7lrbqrM:&imgrefurl=http://www.knullen.com/gallery3/index.php/The-Wonderzz-of-the-World/Pyramid-of-Kukulkan-Chichen-Itza-Yucatan-Peninsula-Mexico-1617648148&docid=pnBepA0KOrnOZM&w=1600&h=1200&ei=iideTui2Jo65twfP7aClCw&zoom=1&iact=rc&dur=361&page=3&tbnh=109&tbnw=133&start=14&ndsp=8&ved=1t:429,r:0,s:14&tx=93&ty=72. Acesso em: 31/08/2011


Chichén Itzá (do iucateque: Chi'ch'èen Ìitsha) é uma cidade arqueológica maia localizada no estado mexicano de Iucatã que funcionou como centro político e económico da civilização maia. As várias estruturas – a pirâmide de Kukulkán, o Templo de Chac Mool, a Praça das Mil Colunas, e o Campo de Jogos dos Prisioneiros – podem ainda hoje ser admiradas e são demonstrativas de um extraordinário compromisso para com a composição e espaço arquitetónico. A pirâmide foi o último e, sem qualquer dúvida, o mais grandioso de todos os templos da civilização maia. O nome Chichén-Itzá tem raiz maia e significa "pessoas que vivem na beira da água". Estima-se que Chichén-Itzá foi fundada por volta dos anos 435 e 455 a.C. Foi declarada Património Mundial da Unesco em 1988.
Disponível em:http://pt.wikipedia.org/wiki/Chich%C3%A9n_Itz%C3%A1. Acesso em: 31/08/2011

Machu Picchu


Disponível em:http://www.google.com.br/imgres?q=machu+picchu&num=10&um=1&hl=pt-BR&gbv=2&biw=772&bih=407&tbm=isch&tbnid=3lqO34v238oFuM:&imgrefurl=http://www.mundodastribos.com/lugares-turisticos-em-machu-picchu.html&docid=D5QYS918JP_vXM&w=1202&h=900&ei=pCheTqGXFdSgtweTvNmyCw&zoom=1&iact=hc&vpx=127&vpy=96&dur=355&hovh=188&hovw=252&tx=138&ty=149&sqi=2&page=1&tbnh=96&tbnw=129&start=0&ndsp=8&ved=1t:429,r:4,s:0. Acesso em 31/08/2011

Machu Picchu (em quíchua Machu Pikchu, "velha montanha"), também chamada "cidade perdida dos Incas",[1] é uma cidade pré-colombiana bem conservada, localizada no topo de uma montanha, a 2400 metros de altitude, no vale do rio Urubamba, atual Peru. Foi construída no século XV, sob as ordens de Pachacuti. O local é, provavelmente, o símbolo mais típico do Império Inca, quer devido à sua original localização e características geológicas, quer devido à sua descoberta tardia em 1911. Apenas cerca de 30% da cidade é de construção original, o restante foi reconstruído. As áreas reconstruídas são facilmente reconhecidas, pelo encaixe entre as pedras. A construção original é formada por pedras maiores, e com encaixes com pouco espaço entre as rochas.

Consta de duas grandes áreas: a agrícola formada principalmente por terraços e recintos de armazenagem de alimentos; e a outra urbana, na qual se destaca a zona sagrada com templos, praças e mausoléus reais.

A disposição dos prédios, a excelência do trabalho e o grande número de terraços para agricultura são impressionantes, destacando a grande capacidade daquela sociedade. No meio das montanhas, os templos, casas e cemitérios estão distribuídos de maneira organizada, abrindo ruas e aproveitando o espaço com escadarias. Segundo a histórica inca, tudo planejado para a passagem do deus sol.

O lugar foi elevado à categoria de Património mundial da UNESCO, tendo sido alvo de preocupações devido à interacção com o turismo por ser um dos pontos históricos mais visitados do Peru.

Há diversas teorias sobre a função de Machu Picchu, e a mais aceita afirma que foi um assentamento construído com o objetivo de supervisionar a economia das regiões conquistadas e com o propósito secreto de refugiar o soberano Inca e seu séquito mais próximo, no caso de ataque.

Pela obra humana e pela localização geográfica, Machu Picchu é considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO.
Disponível em:http://pt.wikipedia.org/wiki/Machu_Picchu. Acesso em>31/08/2011

Carta do repórter Rodrigo Vianna ao sair da Globo em 2006

LEALDADE

Quando cheguei à TV Globo, em 1995, eu tinha mais cabelo, mais esperança, e também mais ilusões. Perdi boa parte do primeiro e das últimas. A esperança diminuiu, mas sobrevive. Esperança de fazer jornalismo que sirva pra transformar - ainda que de forma modesta e pontual. Infelizmente, está difícil continuar cumprindo esse compromisso aqui na Globo. Por isso, estou indo embora.

Quando entrei na TV Globo, os amigos, os antigos colegas de Faculdade, diziam: "você não vai agüentar nem um ano naquela TV que manipula eleições, fatos, cérebros". Agüentei doze anos. E vou dizer: costumava contar a meus amigos que na Globo fazíamos - sim - bom jornalismo. Havia, ao menos, um esforço nessa direção.

Na última década, em debates nas universidades, ou nas mesas de bar, a cada vez que me perguntavam sobre manipulação e controle político na Globo, eu costumava dizer: "olha, isso é coisa do passado; esse tempo ficou pra trás".

Isso não era só um discurso. Acompanhei de perto a chegada de Evandro Carlos de Andrade ao comando da TV, e a tentativa dele de profissionalizar nosso trabalho. Jornalismo comunitário, cobertura política - da qual participei de 98 a 2006. Matérias didáticas sobre o voto, sobre a democracia. Cobertura factual das eleições, debates. Pode parecer bobagem, mas tive orgulho de participar desse momento de virada no Jornalismo da Globo.

Parecia uma virada. Infelizmente, a cobertura das eleições de 2006 mostrou que eu havia me iludido. O que vivemos aqui entre setembro e outubro de 2006 não foi ficção. Aconteceu.

Pode ser que algum chefe queira fazer abaixo-assinado para provar que não aconteceu. Mas, é ruim, hem!

Intervenção minuciosa em nossos textos, trocas de palavras a mando de chefes, entrevistas de candidatos (gravadas na rua) escolhidas a dedo, à distância, por um personagem quase mítico que paira sobre a Redação: "o fulano (e vocês sabem de quem estou falando) quer esse trecho; o fulano quer que mude essa palavra no texto".

Tudo isso aconteceu. E nem foi o pior.

Na reta final do primeiro turno, os "aloprados do PT" aprontaram; e aloprados na chefia do jornalismo global botaram por terra anos de esforço para construir um novo tipo de trabalho aqui.

Ao lado de um grupo de colegas, entrei na sala de nosso chefe em São Paulo, no dia 18 de setembro, para reclamar da cobertura e pedir equilíbrio nas matérias: "por que não vamos repercutir a matéria da "Istoé", mostrando que a gênese dos sanguessugas ocorreu sob os tucanos? Por que não vamos a Piracicaba, contar quem é Abel Pereira?"

Por que isso, por que aquilo... Nenhuma resposta convincente. E uma cobertura desastrosa. Será que acharam que ninguém ia perceber?

Quando, no JN, chamavam Gedimar e Valdebran de "petistas" e, ao mesmo tempo, falavam de Abel Pereira como empresário ligado a um ex-ministro do "governo anterior", acharam que ninguém ia achar estranho?

Faltando seis dias para o primeiro turno, o "petista" Humberto Costa foi indiciado pela PF. No caso dos vampiros. O fato foi parar em manchete no JN, e isso era normal. O anormal é que, no mesmo dia, esconderam o nome de Platão, ex-assessor do ministério na época de Serra/Barjas Negri. Os chefes sabiam da existência de Platão, pediram a produtores pra checar tudo sobre ele, mas preferiram não dar. Que jornalismo é esse, que poupa e defende Platão, mas detesta Freud! Deve haver uma explicação psicanalítica para jornalismo tão seletivo!

Ah, sim, Freud. Elio Gaspari chegou a pedir desculpas em nome dos jornalistas ao tal Freud Godoy. O cara pode ter muitos pecados. Mas, o que fizemos na véspera da eleição foi incrível: matéria mostrando as "suspeitas", e apontando o dedo para a sala onde ele trabalhava, bem próximo à sala do presidente... A mensagem era clara. Mas, quando a PF concluiu que não havia nada contra ele, o principal telejornal da Globo silenciou antes da eleição.

Não vi matérias mostrando as conexões de Platão com Serra, com os tucanos.

Também não vi (antes do primeiro turno) reportagens mostrando quem era Abel Pereira, quem era Barjas Negri, e quais eram as conexões deles com PSDB. Mas vi várias matérias ressaltando os personagens petistas do escândalo. E, vejam: ninguém na Redação queria poupar os petistas (eu cobri durante meses o caso Santo André; eram matérias desfavoráveis a Lula e ao PT, nunca achei que não devêssemos fazer; seria o fim da picada...).

O que pedíamos era isonomia. Durante duas semanas, às vésperas do primeiro turno, a Globo de São Paulo designou dois repórteres para acompanhar o caso dossiê: um em São Paulo, outro em Cuiabá. Mas, nada de Piracicaba, nada de Barjas.!

Um colega nosso chegou a produzir, de forma precária, por telefone (vejam, bem, por telefone! Uma TV como a Globo fazer reportagem por telefone), reportagem com perfil do Abel. Foi editada, gerada para o Rio. Nunca foi ao ar!

Os telespectadores da Globo nunca viram Serra e os tucanos entregando ambulâncias cercados pelos deputados sanguessugas. Era o que estava na tal fita do "dossiê". Outras TVs mostraram o vídeo, a internet mostrou. A Globo, não. Provava alguma coisa contra Serra? Não. Ele não era obrigado a saber das falcatruas de deputados do baixo clero. Mas, por que demos o gabinete de Freud pertinho de Lula, e não demos Serra com sanguessugas?

E o caso gravíssimo das perguntas para o Serra? Ouvi, de pelo menos 3 pessoas diretamente envolvidas com o SP-TV Segunda Edição, que as perguntas para o Serra, na entrevista ao vivo no jornal, às vésperas do primeiro turno, foram rigorosamente selecionadas. Aquele diretor (aquele, vocês sabem quem) teria mandado cortar todas as perguntas "desagradáveis". A equipe do jornal ficou atônita. Entrevistas com os outros candidatos tinham sido duras, feitas com liberdade. Com o Serra, teria havido, deliberadamente, a intenção de amaciar.

E isso era um segredo de polichinelo. Muita gente ouviu essa história pelos corredores...

E as fotos da grana dos aloprados? Tínhamos que publicar? Claro. Mas, porque não demos a história completa? Os colegas que estavam na PF naquele dia (15 de setembro), tinham a gravação, mostrando as circunstâncias em que o delegado vazara as fotos. Justiça seja feita: sei que eles (repórter e produtor) queriam dar a matéria completa - as fotos, e as circunstâncias do vazamento. Podiam até proteger a fonte, mas escancarando o que são os bastidores de uma campanha no Brasil. Isso seria fazer jornalismo, expor as entranhas do poder.

Mais uma vez, fomos seletivos: as fotos mostradas com estardalhaço. A fita do delegado, essa sumiu!

Aquele diretor, aquele que controla cada palavra dos textos de política, disse que só tomou conhecimento do conteúdo da fita no dia seguinte. Quer que a gente acredite?

Por que nunca mostraram o conteúdo da fita do delegado no JN?

O JN levou um furo, foi isso?

Um colega nosso, aqui da Globo ouviu a fita e botou no site pessoal dele... Mas, a Globo não pôs no ar... O portal "G-1" botou na íntegra a fita do delegado, dias depois de a "CartaCapital" ter dado o caso. Era noticia? Para o portal das Organizações Globo, era.

Por que o JN não deu no dia 29 de setembro? Levou um furo?

Não. Furada foi a cobertura da eleição. Infelizmente.

E, pra terminar, aquele episódio lamentável do abaixo-assinado, depois das matérias da "CartaCapital". Respeito os colegas que assinaram. Alguns assinaram por medo, outros por convicção. Mas, o fato é que foi um abaixo-assinado em defesa da Globo, apresentado por chefes!

Pensem bem. Imaginem a seguinte hipótese: a revista "Quatro Rodas" dá matéria falando mal da suspensão de um carro da Volkswagen, acusando a empresa de deliberadamente não tomar conhecimento dos problemas. Aí, como resposta, os diretores da Volks têm a brilhante idéia de pedir aos metalúrgicos pra assinar um manifesto em defesa da empresa! O que vocês acham? Os metalúrgicos mandariam a direção da fábrica catar coquinho em Berlim!

Aqui, na Globo, muitos preferiram assinar. Por isso, talvez, tenhamos um metalúrgico na Presidência da República, enquanto os jornalistas ficaram falando sozinhos nessa eleição...

De resto, está difícil continuar fazendo jornalismo numa emissora que obriga repórteres a chamarem negros de "pretos e pardos". Vocês já viram isso no ar? Sinto vergonha...

A justificativa: IBGE (e, portanto, o Estado brasileiro) usa essa nomenclatura. Problema do IBGE. Eu me recuso a entrar nessa. Delegados de policia (representantes do Estado) costumavam (até bem pouco tempo) tratar companheiras (mesmo em relações estáveis) como "concubinas" ou "amásias". Nunca usamos esses termos!

Árabes que chegaram ao Brasil no início do século passado eram chamados de "turcos" pelas autoridades (o passaporte era do Império Turco Otomano, por isso a nomenclatura). Por causa disso, jornalistas deviam chamar libaneses de turcos?

Daqui a pouco, a Globo vai pedir para que chamemos a Parada Gay de "Parada dos Pederastas". Francamente, não tenho mais estômago.

Mas, também, o que esperar de uma Redação que é dirigida por alguém que defende a cobertura feita pela Globo na época das Diretas?

Respeito a imensa maioria dos colegas que ficam aqui. Tenho certeza que vão continuar se esforçando pra fazer bom Jornalismo. Não será fácil a tarefa de vocês.

Olhem no ar. Ouçam os comentaristas. As poucas vozes dissonantes sumiram. Franklin Martins foi afastado. Do Bom dia Brasil ao JG, temos um desfile de gente que está do mesmo lado.

Mas sabem o que me deixou preocupado mesmo? O texto do João Roberto Marinho depois das eleições.

Ele comemorou a reação (dando a entender que foi absolutamente espontânea; será que disseram isso pra ele? Será que não contaram a ele do mal-estar na Redação de São Paulo?) de jornalistas em defesa da cobertura da Globo:

"(...)diante de calúnias e infâmias, reagem, não com dúvidas ou incertezas, mas com repúdio e indignação. Chamo isso de lealdade e confiança".

Entendi. Ele comemora que não haja dúvidas e incertezas... Faz sentido. Incerteza atrapalha fechamento de jornal. Incerteza e dúvida são palavras terríveis. Devem ser banidas. Como qualquer um que diga que há racismo - sim - no Brasil.

E vejam o vocabulário: "lealdade e confiança". Organizações ainda hoje bem populares na Itália costumam usar esse jargão da "lealdade".

Caro João, você talvez nem saiba direito quem eu sou.

Mas, gostaria de dizer a você que lealdade devemos ter com princípios, e com a sociedade. A Globo, infelizmente, não foi "leal" com o público. Nem com os jornalistas.Vai pagar o preço por isso. É saudável que pague. Em nome da democracia!

João, da família Marinho, disse mais no brilhante comunicado interno:

"Pude ter certeza absoluta de que os colaboradores da Rede Globo sabem que podem e devem discordar das decisões editoriais no trabalho cotidiano que levam à feitura de nossos telejornais, porque o bom jornalismo é sempre resultado de muitas cabeças pensando".

Caro João, em que planeta você vive? Várias cabeças? Nunca, nem na ditadura (dizem-me os companheiros mais antigos) tivemos na Globo um jornalismo tão centralizado, a tal ponto que os repórteres trabalham mais como bonecos de ventríloquos, especialmente na cobertura política!

Cumpro agora um dever de lealdade: informo-lhe que, passadas as eleições, quem discordou da linha editorial da casa foi posto na "geladeira". Foi lamentável, caro João. Você devia saber como anda o ânimo da Redação - especialmente em São Paulo.

Boa parte dos seus "colaboradores" (você, João, aprendeu direitinho o vocabulário ideológico dos consultores e tecnocratas - "colaboradores", essa é boa... Eu não sou colaborador, coisa nenhuma! Sou jornalista!) está triste e ressabiada com o que se passou.

Mas, isso tudo tem pouca importância.

Grave mesmo é a tela da Globo - no Jornalismo, especialmente - não refletir a diversidade social e política brasileira. Nos anos 90, houve um ensaio, um movimento em direção à pluralidade. Já abortado. Será que a opção é consciente?

Isso me lembra a Igreja Católica, que sob Ratzinger preferiu expurgar o braço progressista. Fez uma opção deliberada: preferiram ficar menores, porém mais coesos ideologicamente. Foi essa a opção de Ratzinger. Será essa a opção dos Marinho?

Depois, não sabem porque os protestantes crescem...

Eu, que não sou católico nem protestante, fico apenas preocupado por ver uma concessão pública ser usada dessa maneira!

Mas, essa é também uma carta de despedida, sentimental.

Por isso, peço licença pra falar de lembranças pessoais.

Foram quase doze anos de Globo.

Quando entrei na TV, em 95, lá na antiga sede da praça Marechal, havia a Toninha - nossa mendiga de estimação, debaixo do viaduto. Os berros que ela dava em frente à entrada da TV traziam uma dimensão humana ao ambiente, lembravam-nos da fragilidade de todos nós, de como nossa razão pode ser frágil.

Havia o João Paulada - o faz-tudo da Redação.

Havia a moça do cafezinho (feito no coador, e entregue em garrafas térmicas), a tia dos doces...

Era um ambiente mais caseiro, menos pomposo. Hoje, na hora de dizer tchau, sinto saudade de tudo aquilo.

Havia bares sujos, pessoas simples circulando em volta de todos nós - nas ruas, no Metrô, na padaria.

Todos, do apresentador ao contínuo, tinham que entrar a pé na Redação. Estacionamentos eram externos (não havia "vallet park", nem catraca eletrônica). A caminhada pelas calçadas do centro da cidade obrigava-nos a um salutar contato com a desigualdade brasileira.

Hoje, quando olho pra nossa Redação aqui na Berrini, tenho a impressão que estou numa agência de publicidade. Ambiente asséptico, higienizado. Confortável, é verdade. Mas triste, quase desumano.

Mas, há as pessoas. Essas valem a pena.

Pra quem conseguiu chegar até o fim dessa longa carta, preciso dizer duas coisas...

1) Sinto-me aliviado por ficar longe de determinados personagens, pretensiosos e arrogantes, que exigem "lealdade"; parecem "poderosos chefões" falando com seus seguidores... Se depender de mim, como aconteceu na eleição, vão ficar falando sozinhos.

2) Mas, de meus colegas, da imensa maioria, vou sentir saudades.

Saudades das equipes na rua - UPJs que foram professores; cinegrafistas que foram companheiros; esses sim (todos) leais ao Jornalismo.

Saudades dos editores - que tiveram paciência com esse repórter aflito e procuraram ser leais às minúcias factuais.

Saudades dos produtores e dos chefes de reportagem - acho que fui leal com as pautas de vocês e (bem menos) com os horários!

Saudades de cada companheiro do apoio e da técnica - sempre leais.

Saudades especialmente, das grandes matérias no Globo Repórter - com aquela equipe de mestres (no Rio e em São Paulo) que aos poucos vai se desmontando, sem lealdade nem respeito com quem fez história (mas há bravos resistentes ainda).

Bem, pelo tom um tanto ácido dessa carta pode não parecer. Mas levo muita coisa boa daqui.

Perdi cabelos e ilusões. Mas, não a esperança.

Um beijo a todos.

Rodrigo Vianna.


Disponível em:http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1309377-EI6584,00.html. Acesso em: 23/09/2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Pai do “Mensalão” nega tudo – quem vai assumir a paternidade?

Foi pelo twitter que recebi a notícia: o @emeluis anunciava (entre irônico e estupefato) que a defesa de Bob Jefferson apresentada ao STF já estava disponível na internet, num site especializado em assuntos jurídicos. Fui olhar, e chamou-me atenção o último parágrafo: “Sobre a acusação do MP, a defesa de Jefferson seguiu o mesmo tom dos demais acusados: é incompleta e faltam provas. Trata-se, segundo a petição, de uma acusação “puramente retórica” e “sem argumentos fáticos”. Não há na acusação, segundo a defesa de Jefferson, nada que prove a existência do mensalão, ou de algum esquema de lavagem de dinheiro para a compra de votos parlamentares.” (grifo meu, RV).

Dividi com os leitores no twiter minha surpresa: ora, se Bob Jefferson (que era o principal denunciante do chamado “Mensalão”) nega que haja provas do referido esquema, então sobra o que? Claro, sobram evidências de caixa 2 na contabilidade petista, e nas estranhas relações com Marcos Valério. Caixa 2 é ilegal. E deve ser punido. Mas é muito diferente de “Mensalão” - esquema sistemático de compra de votos no Congresso, como dava a entender Bob Jefferson na tal entrevista à Folha que foi serviu como estopim do escândalo.

Em 2005, a velha imprensa tentou provar que o tal “Mensalão” era “o maior escândalo da história do Brasil”. Franklin Martins era comentarista da Globo. E eu era repórter da Globo em São Paulo. Na redação, era nítido que os comentários de Franklin destoavam da cobertura da emissora – claramente dirigida. A Globo, em suas “reportagens” diárias – jogando de tabelinha com ACM Neto e outros gigantes da moralidade - martelava o “Mensalão” como fato consumado. Aí Franklin entrava no ar e dizia que o “Mensalão” precisava ser “provado”. Foi um dos motivos que levaram Ali Kamel a rifar Franklin no início de 2006 – aquele tormentoso ano em que Lula conseguiria a reeleição.

Foi aquela campanha desenfreada para derrubar Lula em 2005 (e que só não foi adiante porque FHC teve a brilhante idéia de “sangrar” o presidente até a eleição, para evitar o “trauma” de um impeachment) que levou o deputado Fernando Ferro (PT-PE) a ir à tribuna e cunhar a expressão “Partido da Imprensa” para se referir à máquina que tentou derrubar Lula. Paulo Henrique Amorim aproveitou o discurso de Ferro, e acrescentou “Golpista” à expressão (uma referência histórica ao papel que a mesma imprensa cumprira em 1954, no suicídio de Vargas; em 1961, no veto à posse de Jango, só garantida após a resistência de Brizola com a Legalidade no sul; e em 1964, com o golpe largamente apoiado pela velha mídia). Assim, nasceu o PIG.

O PIG foi a mãe do “Mensalão”. E Bob Jefferson, o pai. Bob Jefferson agora nega o “Mensalão”. Quem vai pedir o teste de paternidade? A “Folha”, Kamel, ou Diogo Mainardi (o colunista fujão)?

Quando escrevi sobre essas coisas no twitter, recebi da doutora Janice Ascari um puxão de orelha; ela lembrou que todo réu, sempre, nega o crime de que é acusado. Bob, denunciante, é também réu. Por isso, não haveria nada de surpreendente na negativa de Bob. Ele poderia ter negado participação sem negar o esquema. Seria uma forma de evitar a desmoralização. Não o fez.

Juridicamente, a doutora Ascari pode ter razão. Mas politicamente, a negativa de Bob é devastadora. Qual a prova de que o “Mensalão” existiu? A entrevista de Bob a Renata Lo Prete na (sempre ela) “Folha”, em 2005. Bob agora negou o “Mensalão”. Politicamente, fica mais evidente a operação golpista que acompanhei de perto em 2005, e à qual tenho o orgulho de ter resistido nos difíceis dias finais na campanha de 2006 (manobra patrocinada pelo PIG, com ajuda do delegado Bruno - desmascarado num histórico post de Azenha, e numa histórica reportagem de Raimundo Pereira na “CartaCapital”). Tudo isso ocorreu em 2005/2006.

Em 2010, Lula estava muito mais forte. Mas a Globo e seus parceiros ainda tentaram operar no limite da irresponsabilidade: a “bolinha de papel” de Ali Kamel e Molina foi a tentativa de repetir a história e dar a eleição aos tucanos. Mas dessa segunda vez a operação soou como farsa.

Em 2005/2006, a situação foi muito mais séria. Essa história, em detalhes, ainda está por ser melhor contada. Ainda mais agora que Bob – o tenor do “Mensalão” – jogou por terra a encenação.
Disponível em:http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/jefferson-pai-do-mensalao-nega-tudo-quem-vai-pedir-teste-de-paternidade.html. Acesso em:21/09/2011


Pois bem, e agora? Como é que fica a PIG? Detalhe, Roberto Jeferson era o denunciante, do "maior escandâlo da história desse país". Rodrigo Vianna e Franklin Martins trabalhavam na Globo
(ver postagem acima). E nitidamente vergonhosa a grande imprensa brasileira, em especial a Rede Globo e a Revista Veja. São preconceituosas, pouco pedagógicas, desastrademente anti-culturais, e agora pasmem, de um jornalismo cinicamente mentiroso. Cesar Capitanio, blogueiro, professor de Geografia

A incrível sequência de capas da “Veja”; a Abril apostou pesado, e perdeu feio!

por Rodrigo Vianna

Gilberto Maringoni fez um trabalho didático na “Carta Maior”: expôs as principais capas de “Veja”, de 1993 a 2010. O período cobre exatamente os dois mandatos de FHC e os dois mandatos de Lula.

A comparação visual é impressionante. Ao lado das capas, Maringoni faz uma pequena análise do conteúdo. Nem precisava. As imagens quase falam por si. Lula é tratado com desrespeito: pé no traseiro, barriga de fora, a faixa de presidente enrolada feito venda nos olhos do presidente. FHC aparece austero, professoral, um estadista.

Mais que isso. Os escândalos na era FHC levam para a capa os pivôs dos escândalos: Ricardo Sérgio, Mendonção, Sérgio Motta… Uma exceção: Eduardo Jorge, secretário particular aparece ao fundo da imagem resignada de FHC, sob a chamada de capa quase amiga: “as ligações e os negócios do ex-assessor que estão fazendo um estrago na imagem do presidente”. Ou seja, FHC não tem nada com isso, mas a revista alerta que o ex-assesor está atrapalhando a boa imagem do estadista. Assim, de amigo para amigo.

Os escândalos da era Lula são escândalos de Lula. Sempre. Lula carrega Zé Dirceu feito um peso já em 2004 (FHC jamais carregou Ricardo Sérgio nas capas de “Veja”; mas o livro do Amaury vem aí pra contar bem essa história); a imagem de Lula se desfaz na capa da revista, em 2005; depois, as manchetes do “Mensalão” (“Ele sabia?” , “Quando e como Lula foi alertado”), sempre com a figura de Lula na capa. Com FHC e a compra de votos para a reeleição, nada parecido. Ninguém perguntou se FHC “sabia”?

A obsessão com a estrela...

E a tentativa (obsessiva?) de arrasar a imagem do PT e dos movimentos sociais: a estrela petista na capa uma, duas, três vezes. Sempre a se desmilinguir. O MST como grande inimigo. E o “polvo” (PT? povão?) a ameaçar a República (ou a ameaçar aqueles amigos de “Veja” que não conseguem voltar ao Palácio?).

As imagens coletadas por Maringoni são também, e isso me ocorre agora, as imagens de uma derrota clamorosa. Nunca um órgão de imprensa apostou tantas fichas em derrotar um presidente e um partido. Nem Carlos Lacerda foi tão longe contra Vargas, porque não tinha os recursos visuais das capas de “Veja”.

A turma do esgoto, instalada na Marginal Pinheiros, usou e abusou dos recursos visuais. E das mentiras (dólares de Cuba, contas de Lula no exterior…). E perdeu. Duas vezes. Ou três vezes, se contarmos 2002, 2006 e 2010.

E o medo do povo!

A história das capas de “Veja” é a história do preconceito (quem não se lembra da “mulher, nordestina” – cruz, credo – que pode decidir a eleição em 2006?). Preconceito derrotado. É a história de um discurso de ódio. Derrotado. “Veja” e sua máquina de manipulações foram derrotadas de forma espetacular. Isso é o mais impressionante na coletânea feita pelo Maringoni.

Isso tudo não absolve o PT e Lula de seus erros. Maringoni, aliás, nem é do PT. Faz opopsição pela esquerda, no PSOL. Mas é daqueles que não perderam o juízo e sabem que o inimigo principal não está no lulopetismo. Basta olhar para as capas de “Veja” para saber que ali está não apenas um inimigo feroz da esquerda e dos movimentos sociais. A “Veja” é inimiga do Brasil. Ela e suas capas odiosas e odientas. Derrotadas.

Tão derrotadas como Ali Kamel da Globo – com o delegado Bruno em 2006 e a bolinha de papel em 2010. Mas a “Veja”, é preciso reconhecer, foi muito mais longe que Kamel. Ele é mais sutil, mais inteligente. A “Veja”, não. É boçal. Bom saber e ver que a boçalidade odiosa de “Veja” foi derrotada.

O mais incrível é que “Veja” segue a alimentar o discurso de que o PT e o lulismo querem calar a imprensa. Hehe. Se houvesse “projeto autoritário”, a “Veja” não estaria aí até hoje. Lula e o PT ganharam da “Veja”, na bola. Sem tapetão.

O que choca é outra coisa: o lulismo e o PT seguem a alimentar o monstro. É o que diz Maringoni:

“A visão de Veja é a visão da extrema direita brasileira. Tem uma tiragem de um milhão de exemplares e é lida por muita gente. Entre seus apreciadores está, surpreendentemente, o governo brasileiro. Este não se cansa de pagar caríssimas páginas de publicidade para uma publicação que o achincalha com um preconceito de classe raras vezes visto na imprensa. Freud deve explicar.”

Disponível em:http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/a-incrivel-sequencia-de-capas-da-veja-abril-apostou-pesado-e-perdeu-feio.html. Acesso em:21/09/2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A SAGA FARROUPILHA

Saga Farrapa marcou o Rio Grande
As comemorações da Revolução Farroupilha - o mais longo e um dos mais significativos movimentos de revoltas civis brasileiros, envolvendo em suas lutas os mais diversos segmentos sociais - relembra a Guerra dos Farrapos contra o Império, de 1835 a 1845. O Marco Inicial ocorreu no amanhecer de 20 de setembro de 1835. Naquele dia, liderando homens armados, Gomes Jardim e Onofre Pires entraram em Porto Alegre pela Ponte da Azenha.

A data e o fato ficaram registrados na história dos sul-ro-grandenses como o início da Revolução Farroupilha. Nesse movimento revolucionário, que teve duração de cerca de dez anos e mostrava como pano de fundo os ideais liberais, federalistas e republicanos, foi proclamada a República Rio-Grandense, instalando-se na cidade de Piratini a sua capital.

Acontecendo-se a Revolução Farroupilha, desde o século XVII o Rio Grande do Sul já sediava as disputas entre portugueses e espanhóis. Para as lideranças locais, o término dessas disputas mereciam, do governo central, o incentivo ao crescimento econômico do Sul, como ressarcimemto às gerações de famílias que lutaram e defenderam o país. Além de isso não ocorrer, o governo central passou a cobrar pesadas taxas sobre os produtos do RS. Charque, couros e erva-mate, por exemplo,passaram a ter cobrança de altos impostos. O charque gaúcho passou a ter elevadas, enquanto o governo dava incentivos para a importação do Uruguai e Argentina.

Já o sal, insumo básico para a preparação do charque, passou a ter taxa de importação considerada abusiva, agravando o quadro. Esses fatores, somados, geram a revolta da elite sul-riograndense, culminando em 20 de setembro de 1835, com Porto Alegre sendo invadida pelos rebeldes enquanto o presidente da província, Fernando Braga, fugia do Rio Grande.

As comemorações do Movimento Farroupilha, que até 1994 restringiam-se ao ponto facultativo nas repartições públicas estaduais e ao feriado municipal em algumas cidades do Interior, ganharam mais um incentivo a partir do ano 1995. Definida pela Constituição Estadual com a data magna do Estado, o dia 20 de setembro passou a ser feriado. O decreto estadual 36.180/95, amparado na lei federal 9.093/95, de autoria do deputado federal Jarbas Lima (PPB/RS), especifica que "a data magna fixada em lei pelos estados federados é feriado civil".

Disponível em:http://www.semanafarroupilha.com.br/historico.php. Acesso em:20/09/2011

20 de Setembro-"Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda terra"

Hino do Rio Grande do Sul
Música: Joaquim José Mendanha
Letra: Francisco Pinto da Fontoura

Como a aurora precursora
do farol da divindade,
foi o Vinte de Setembro
precursor da Liberdade.

Mostremos valor, constância,
nesta ímpia, injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
de modelo a toda a terra.

Entre nós revive Atenas
para assombro dos tiranos;
sejamos gregos na glória
e na virtude, romanos.

Mostremos valor, constância,
nesta ímpia, injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
de modelo a toda a terra.

Mas não basta pra ser livre
ser forte, aguerrido e bravo;
povo que não tem virtude
acaba por ser escravo.

Mostremos valor, constância,
nesta ímpia, injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
de modelo a toda a terr

IPI do carro: Urubóloga denuncia o Brasil na OMC

Disponível em:http://www.conversaafiada.com.br/economia/2011/09/16/ipi-do-carro-urubologa-denuncia-o-brasil-na-omc/. Acesso em:20/09/2011


Com charges e bom humor, Paulo Henrique Amorim fala grosso contra Mirian Leitão. Desde quando salvaguardar interesses nacionais é ruim? Proteção contra os carros montados no Brasil significa mais investimentos no Brasil. Com a melhora de nossos salários, as multinacionais podem começar a procurar mão de obra mais barata em outros países. E os carros importados entrarem cada vez mais. Acho que na Globo o pessoal gosta das campanhas "Cala Boca". Gostam de falar besteira.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A mão que lava a outra; a mídia e o governo de SP

A mão que lava a outra
Por Mino Carta, da Carta Capital

Estava o acima assinado no luminescente palácio do Ministério das Relações Exteriores em Brasília na noite de gala de 1º de janeiro de 2011, festa da posse da presidenta Dilma Rousseff, e eis que sai da salinha vip, reservada aos cumprimentos dos graúdos, o governador Geraldo Alckmin. E me cai nos braços, como sonha Cavaradossi ao recordar Tosca, fundo musical de Puccini.

No caso, em lugar da ficção operística, invoco a verdade factual. O governador reeleito e reempossado naquele mesmo dia, surpreende-me por estar já na capital da República e ainda mais por me abraçar com tamanha simpatia. O que, sublinho, não me desagrada. Vem atrás dele o senador Aloysio Nunes Ferreira, o qual, de rosto lívido, incumbe-se de restabelecer as distâncias ao produzir um aceno soturno a transparente contragosto. O que também não me desagrada.

O senador Aloysio esqueceu momentos passados à beira da mesa de debates do programa Jogo de Carta da TV Record, que conduzi de setembro de 1984 a abril de 1987. Estávamos ainda a caminho da eleição indireta que levaria Tancredo Neves à Presidência e eu reunia frente a frente tancredistas e malufistas. Aloysio estava do lado oposto a Gastone Righi e este, aos berros, partiu para os impropérios, entre outros, audíveis em Pindamonhangaba, “cachorro” e “macaco”. Presa de palidez freudiana (de Lucien Freud), encolhido na cadeira, Aloisio não conseguia articular um revide. Ergui-me do assento central e berrei mais alto na direção de Righi: “Cale-se! No meu programa ninguém grita e ofende os adversários!” Tive pleno sucesso.

Na noite de Brasília, o governador talvez tenha me confundido com outrem, só posso dizer que sempre o tratei com o devido respeito. O senador, no entanto, não se confundiu. De todo modo, se a simpatia de Alckmin foi autêntica, sei que não é compartilhada por outros inúmeros tucanos. Por exemplo, CartaCapital foi praticamente ignorada pela publicidade governista durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso e em São Paulo só teve vez enquanto Mário Covas viveu. A isonomia que passou a ser praticada pelo governo Lula na distribuição de anúncios, e agora pelo governo Dilma, nunca deixou de contar com as críticas, às vezes ásperas, de alguns guardiões da moral, perdão, da Moral, tidos como jornalistas.

Neste exato instante, recebemos a informação de que, na esteira do ex-governador José Serra e do seu ex-secretário da Educação Paulo Renato, o atual presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), José Bernardo Ortiz Monteiro, acaba de renovar contratos para o fornecimento de assinaturas com as revistas Época, IstoÉ e Veja, e os jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo pelo valor total de 9 milhões de reais e alguns quebrados. Não houve licitação, está claro, assim como está que CartaCapital foi excluída mais uma vez.

Há toda uma longa tradição de mamatas, como outrora se dizia, a caracterizar a relação entre poder e mídia, esta que incessantemente clama por sua liberdade de fazer o que bem entende, inclusive assaltar a verdade factual de todas as formas possíveis. Só para citar as mais recentes, repito, mamatas, evoco o aval da ditadura ao acordo entre a Globo e Time-Life, para que logo em seguida fosse proibido qualquer acerto do mesmo gênero. Tivemos, sempre à sombra do regime de exceção, as generosas operações da Caixa Econômica Federal em benefício do Estadão e da Editora Abril, esta retribuída por minha saída da direção de Veja, voluntária aliás, por recusar um único escasso tostão dos patrões, ao contrário do que se lê até em livros.

E lá vem a história da Gazeta Mercantil, que lançou debêntures prontamente adquiridas pela Previ para que em suas mãos virassem letras mortas, enquanto o jornal ocupava por aluguel irrisório espaço confortável no prédio da Funcef. Ah, sim, debaixo do governo FHC registramos várias situações impagáveis, a começar pela privatização das teles em 1998, a favorecer Globo, Estadão e Abril. Não deixa por menos, em matéria de mamata, a linha de financiamento criada pelo BNDES- para salvar a Globo. Enfim, no ocaso da Presidência do príncipe dos sociólogos, a aprovação de lei que permite o investimento- de até 30% de capital estrangeiro nas nossas- empresas midiáticas, àquela altura- com a água pela garganta.

CartaCapital tem boa memória, mas não se queixa. Fizemos nossas escolhas cientes dos riscos a correr no país dos herdeiros da casa-grande e da senzala. E não perco a oportunidade para confirmar o que já sustentei neste mesmo espaço: o mundo, até este dos dias de hoje, não é todo igual. Não há notícia, para ficar no assunto, de que ministros da Educação de países democráticos e altamente civilizados comprem lotes substanciosos de assinaturas de jornais e revistas em proveito do progresso cultural de professores e alunos. Mas é óbvio que os objetivos das autoridades paulistas são outros e que a opinião de CartaCapital nunca esteve e nunca estará à venda.

Disponível em:http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/a-mao-que-lava-a-outra-a-midia-e-o-governo-de-sp.html. Acesso em:19/09/2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Desabafo de um morador do Vale do Itajaí contra a Rede Globo e suas hipocrisias

Moro em Taió-SC e nos últimos dias nossa região vem sofrendo uma das piores enchentes da história de Santa Catarina. A casa onde moro com minha família felizmente foi pouco atingida e pouco perdemos, aos poucos tudo está voltando ao seu normal e graças a Deus não chegamos a passar nenhuma dificuldade mais séria a não ser erguer nossas coisas, abandonar nossa casa e voltar pra limpar a lama depois. O ponto chave deste meu protesto é a indignação que estou sentindo devido a um fato:

No alto vale existem milhares de pessoas passando fome, sede, frio e muita necessidade devido a esta tragédia, pessoas perderam suas casas, suas coisas, empresários perderam suas empresas, o comércio está todo comprometido e muita gente não tem pra onde ir, e me espantei quando consegui em meio a toda bagunça lá de casa instalar minha televisão para ver o programa do “fantástico” da emissora rede globo no domingo a noite e ver qual seria a importância que dariam para nós Brasileiros que estamos sofrendo com tudo isso, não queria ver fotos ou imagens da tragédia, queria simplesmente que este veiculo de comunicação se mobilizasse e ajudasse as pessoas que precisam, mais ao contrário o que eu vi? uma reportagem de 12 segundos, isso mesmo 12 segundos sobre as enchentes e quase que todo o programa falando sobre os 10 anos do atentado de 11 se setembro nos Estados Unidos. Tudo bem concordo que lembrar das vítimas é muito importante porém dar extrema importância para os norte americanos e deixar pra trás milhares de pessoas sofrendo aqui é lamentável, a Patrícia Poeta foi até o marco zero onde ficavam as torres do World Trade Center mostrar sobre as homenagens as vitimas fazendo uma demagogia impressionante, como se ela realmente se importasse com quem morreu lá, como se a rede globo se importasse com alguém neste país ou no mundo, fizeram chamadas ao vivo mostrando como estava tudo lá naquele momento e mostraram as seguidas homenagens que foram feitas pelos parentes das vítimas naquele dia, mostraram a tristeza e dor de quem perdeu algum parente naquela tragédia. Hipócritas, isso que são, deviam ter feito a chamada ao vivo em frente a uma das casas que caíram aqui na cidade de Rio do Sul, mostrar a agonia de quem perdeu tudo, mostrar a tristeza de quem trabalhou uma vida toda para conseguir uma casinha e ver ela sendo destruída em minutos, mostrar a dor daquele pai que perdeu seu filho eletrocutado por um fio de alta tensão quando tentava escapar da sua casa tomada pelas águas, para ver se assim alguém fica sensibilizado e ajuda pelo menos a dar um pouco de comida a quem tem fome, um cobertor a quem tem frio ou um gole d’água a quem tem sede. O que mais me revolta é o sensacionalismo que a rede globo faz em cima de certas coisas, o criança esperança fazem a cada ano e chamam diversos cantores, atores etc... uma mobilização enorme para ajudar quem precisa, não sei até que ponto isso é sincero porque eu tenho comigo de que devemos fazer o bem sem olhar a quem, e ir na TV aparecer e dizer que ajuda é fácil, mais entrar em casas até o peito com água para salvar crianças ou ir dar uma palavra de carinho para uma criança que não tem mais sua cama e sua coberta para dormir daí ninguém faz, nenhum artista faz, nenhuma emissora faz porque? Porque não dá audiência, não aparece...cadê o Renato Aragão ?? cade a Xuxa? Cadê aquela turma de artistas implorando pra ajudar quem precisa? Será que só ajudam quando aparece na TV? Será que realmente vão no criança esperança pedir ajuda porque são boas pessoas? Ou porque querem aparecer? essa turma da globo só pensa em audiência e dinheiro, não passam de um tremendo bando de porcos sujos e mal intencionados.
PASSE ADIANTE...QUEM SABE ALGUÉM DA REDE GLOBO SE SENSIBILIZA E FAZ ALGUMA COISA PRA AJUDAR DE VERDADE!
Att:
Aurí José Carlini
Administrador - CRA/SC 22828

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Cidade de Petra (Jordânia)

















Disponível em:http://www.imotion.com.br/imagens/details.php?image_id=1111.Acesso em:14/09/2011

Taj Mahal (Agra-Índia)


Disponível em:http://www.aycalifeclub.com/taj-mahal.html/taj-mahal-india-8.Acesso em:14/09/2011

Grande Muralha da China (China)


Disponível em:http://www.destinosdeviagem.com/wp-content/gallery/grande-muralha-da-china/muralha_da_china_00.jpg.Acesso em:14/09/2011

Mar Morto

Disponível em:http://ciencia.hsw.uol.com.br/mar-morto-morto.htm.Acesso em:14/09/2011
O Mar Morto está mesmo morto?
por Alia Hoyt - traduzido por HowStuffWorks Brasil
Em nome apenas, o Mar Morto pode não parecer o lugar mais charmoso do mundo para visitar. Apesar de seu nome soturno, o corpo de água salgada é conhecido por sua capacidade de fortificar a mente, o corpo e a alma. Apenas um dos muitos aspectos fascinantes do Mar Morto está, de fato, assim, já que sua superfície está 396 metros abaixo do nível do mar, sua costa é o ponto mais baixo da Terra. Localizado em um vale que está cercado pela Cisjordânia, pela Jordânia e por Israel, o Mar Morto cobre aproximadamente 402 km2. Dada a sua localização, não é surpresa que o Mar Morto (ou o Mar de Sal, como ele é chamado no Velho Testamento) tenha uma história religiosa extensa. Além disso, acredita-se que seu ex principal afluente, o rio Jordão, tenha sido o lugar onde Jesus foi batizado.Então, o que exatamente dá ao Mar Morto o seu nome? O Mar Morto é diferente de todas as outras porções de água na Terra porque é incrivelmente salgado, com um nível de salinidade entre 28% e 35%. Como comparação, os oceanos mais salgados do munto têm de 3% a 6% de salinidade. O Mar Morto deve seu alto conteúdo de sal mineral a vários fatores. Primeiro, ele é completamente cercado isolado do mar, por isso qualquer água doce ou salgada que flui dentro dele vinda do rio Jordão e de outros afluentes está aprisionado - até evaporar. A evaporação acontece rapidamente porque aquele pedaço do mundo é, para colocar de forma leve, extremamente quente. Quando a água evapora, os minerais salgados são deixados para trás, fazendo com que a água restante se torne mais e mais concentrada com sal.

Claro que, que o velho sal de mesa regular não é o que dá ao Mar Morto o seu encanto. Em vez disso, pelo menos 35 tipos diferentes de sal mineral (como aqueles encontrados nos oceanos) estão presentes em quantidades massivas. Alguns dos minerais presentes incluem potássio, bromo, cálcio, magnésio e iodo. Esses são os sais que dão ao Mar Morto seu nome. Qualquer criatura viva ou planta (mesmo algas) que se atreva a entrar nessas águas carregadas de sal morre quase que instantaneamente. Apenas organismos simples como micróbios podem sobreviver em condições tão hostis. O Mar Morto é simplesmente muito salgado para qualquer coisa existir.

Na próxima página, vamos discutir como o Mar Morto em si está morrendo.

Ameaças ao Mar Morto
Infelizmente para o Mar Morto e para aqueles que valorizam seu significado histórico e cultural, essa porção de água pode estar a caminho de desaparecer até 2050 [fonte: BBC News]. A organização Friends of the Earth (Oriente Médio) atribui os sempre decrescentes níveis de água no Mar Morto ao simples fato de que menos água está entrando via rio Jordão e afluentes. Isso se deve à intervenção humana na forma de dutos, barragens e reservatórios desviando a água para outras áreas. A Friends of the Earth afirma que essas práticas já provocaram estragos no Mar Morto, diminuindo sua área de superfície em um terço.
O grupo também afirma que a o nível de água não é a única coisa afetada. A área que cerca o Mar Morto é lar de um ecossistema diversificado de plantas, pássaros e outros animais selvagens, todas elas dependentes do corpo de água. Claro que os defensores do desvio da água do Mar Morto apontam para a seca crônica na área, alegando que a água deveria ser colocada para uso doméstico e agrícola. Uma solução potencial para esse problema é a construção de um canal que canalizaria a água do Mar Vermelho para o Mar Morto. O projeto é conhecido como o Canal dos Dois Mares, e teria 180 km de extensão. Opositores do canal alegam que ele danificaria a integridade da água salgada no Mar Morto, mudando para sempre sua composição mineral [fonte: National Geographic News]. Os críticos também estão preocupados que os aquíferos de água doce na área poderiam ficar comprometidos pela água do Mar Morto no caso de um terremoto.
Os ativistas também estão trabalhando para limitar o desenvolvimento na área que cerca do Mar Morto. A área é controlada pelos governos de Israel, Jordânia e Palestina, aos quais a Friends of Earth acusa de estar apoiando o desenvolvimento que poderia ameaçar a integridade ambiental e cultural da área. Os planos incluiriam a construção de mais hotéis e outros complexos industriais. A Friends of Earth diz que um esforço mais coordenado entre os governos poderia proteger a integridade ambiental da área.

Apesar dessas ameaças permanentes ao Mar Morto, esse extraordinário corpo de água é capaz de muitos poderes rejuvenescedores. A seguir vamos detalhar os vários recursos terapêuticos do Mar Morto.

Minerais e lama: Qualidades revigorantes do Mar Morto

Como aprendemos, mais de 35 diferentes tipos de minerais podem ser encontrados nas águas do Mar Morto, e muitas pessoas confirmam sinceramente as qualidades para mudança de vida que esses minerais possuem. Na verdade, esses minerais são considerados tão valiosos que uma companhia chamada Dead Sea Works tem 1.600 empregados que trabalham dia e noite colhendo-os. Acredita-se que os sais minerais curem ou aliviem os sintomas de enfermidades que variam de problemas de pele, como psoríase e dermatite atópica, a fibromialgia.

Minerais e lama: Qualidades revigorantes do Mar Morto
Como aprendemos, mais de 35 diferentes tipos de minerais podem ser encontrados nas águas do Mar Morto, e muitas pessoas confirmam sinceramente as qualidades para mudança de vida que esses minerais possuem. Na verdade, esses minerais são considerados tão valiosos que uma companhia chamada Dead Sea Works tem 1.600 empregados que trabalham dia e noite colhendo-os. Acredita-se que os sais minerais curem ou aliviem os sintomas de enfermidades que variam de problemas de pele, como psoríase e dermatite atópica, a fibromialgia.
A densidade da água salgada do Mar Morto é tão alta, que é possível boiar sem o menor esforço
© Simon Podgorsek / iStockphoto
A densidade da água salgada do Mar Morto é tão alta, que é possível boiar sem o menor esforço
O Centro de Pesquisa Mar Morto (Dead Sea Research Center) propõe um programa de tratamento em sete passos para clientes procurando alívio dermatológico. Para começar, o paciente passa algum tempo no sol, nos bancos de sal do Mar Morto - os raios UV quentes do sol são filtrados devido à alta pressão atmosférica na área. Esse passo é seguido por um banho no Mar Morto em si e em seguida aplicação de cremes hidratantes, banhos de termo-minerais e de lama, tratamento do couro cabeludo, aconselhamento psicológico opcional e uma consulta com um médico. Os tratamentos para doenças reumáticas são mais variados, mas com frequência incluem banhos de enxofre, banhos de sal, banhos de cloreto de sódio e, claro, banhos nas águas do Mar Morto.
Pacientes com doenças respiratórias, como asma, doença obstrutiva crônica de pulmão e fibrose cística, frequentemente se beneficiam dos altos níveis de oxigênio da área, combinado com os baixos níveis de poluição e alérgenos do ambiente. O centro de pesquisa afirma que esses fatores permitem aos pacientes controlar os sintomas sem a necessidade de equipamento médico. A terapia do Mar Morto também é usada para tratar a Doença de Crohn, doenças ortopédicas, doença do coração e hipertensão.



Mar Morto-Salinidade faz as pessoas boiarem














Lama do Mar Morto é medicinal













Fontes

* Anderson, John Ward. "For Dead Sea, a Slow and Seemingly Inexorable Death." Washington Post. 19 de maio de 2005.
http://www.washingtonpost.com/wpdyn/content/article/2005/05/18/AR2005051802400.html
* "Dead Sea." BiblePlaces.com. (15/09/2008).
http://www.bibleplaces.com/deadsea.htm
* "Dead Sea." Catholic Encyclopedia. (15/09/2008).
http://newadvent.org/cathen/04658a.htm
* "Dead Sea, Jordan." AtlasTours.net. (15/09/2008).
http://www.atlastours.net/jordan/deadsea.html
* "Dead Sea - Location Profile." Ancient Sandals. (15/09/008).
http://ancientsandals.com/overviews/dead_sea.htm
* Dead Sea Research Center. (15/09/2008).
http://www.deadsea-health.org/
* Elliman, Wendy. "The Living Dead Sea." Focus on Israel. Abril de 1999 (16/09/2008).
http://www.mfa.gov.il/MFA/MFAArchive/1990_1999/1999/4/FOCUS+on+Israel-+The+Living+Dead+Sea.htm
* Friedman, Matti. "Dead Sea Scroll Put on Rare Display in Israel." National Geographic News. May 13, 2008 (15/09/2008).
http://news.nationalgeographic.com/news/2008/05/080513-AP-israel-anci.html
* Hawley, Caroline. "Dead Sea to Disappear by 2050." BBC News. 3 de agosto de 2001.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/1472842.stm
* "Lowest Elevation…Dead Sea." Extreme Science. (15/09/2008).
http://www.extremescience.com/DeadSea.htm
* Milstein, Mati. "Diverting Red Sea to Save Dead Sea Could Create Environmental Crisis." National Geographic News. 14 de dezembro de 2006. http://news.nationalgeographic.com/news/2006/12/061214-dead-sea.html
* O'Neil, L. Peat. "Bible-Era Artifacts Highlight Archaeology Controversy." National Geographic News. 18 de abril de 2003 (15/09/2008).
http://news.nationalgeographic.com/news/2003/04/0418_030418_bibleartifact.html
* Whitehouse, David. "Dead Sea Keeps Falling." BBC News. 22 de janeiro de 2002.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/1773871.stm

Imagens de Jerusalém


Disponível em:http://airtonbc.files.wordpress.com/2010/07/jerusalem.jpg. Acesso em:14/09/2011

Imagem característica de Jerusalém, capital de Israel e cidade sagrada para três grandes religiões monoteístas:judaísmo (no primeiro plano aparece o Muro das Lamentações, que é extremamente importante para os judeus, pois é o que resta do último templo); para o cristianismo (foi lá que Jesus foi crucificado, e está localizada a Igreja do Santo Sepulcro, com imagem a seguir); e para o islamismo (a Mesquita Cúpula da Rocha, ou Domo da Rocha, que aparece atrás do Muro, está na crença muçulmana como local de onde Maomé se elevou ao céu).





Igreja do Santo Sepuclro

Disponível em:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTzRrxcdaSMXn-l7pMv9SvipEwSdaKA2vb9AHzpJ54Ozet5_tVLYEg_jRUbcznIJcSaFyV5_5IkSo_-VkHOgGCnfZ5LmgFvaRf4CbNjvzJLyuTn_yZJICMm75ihUPVSiHgmgKUB1o6DUE/s1600/santo+sepulcro+7.jpg.Acesso em: 14/09/2011









Mapa de Jerusalém

Disponível em:http://www.cafetorah.com/jerusalemtempos.htm. Acesso em 14/09/2011
















Mapa de Israel e da Palestina
Disponível em:http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u100880.shtml. Acesso em:14/09/2011

Para os alunos do 9a ano da EBM Jardim do Lago

Bom dia gurizada!!!
Respondam com base no texto abaixo:
1- O que é BRIC?
2- Quais as razões que apontam para o grande crescimento econômico de:
a) Brasil
b) Rússia
c) Índia
d) China

Após as perguntas podem ler e observar imagens das postagens a respeito de Israel e Palestina, da China e da Índia.

BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China)

O termo BRIC foi criado pelo economista Jim O’Nill, em 2001, para referir-se aos quatro países que apresentarão maiores taxas de crescimento econômico até 2050. BRIC são as inicias de Brasil, Rússia, Índia e China, países em desenvolvimento, que, conforme projeções, serão maiores economicamente que o G6 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália).

O BRIC não é um bloco econômico, e sim uma associação comercial, onde os países integrantes apresentam situações econômicas e índices de desenvolvimento parecidos, cuja união visa à cooperação para alavancar suas economias em escala global.

Brasil, Rússia, Índia e China apresentam vários fatores em comum, entre eles podem ser citados: grande extensão territorial; estabilidade econômica recente; Produto Interno Bruto (PIB) em ascensão; disponibilidade de mão de obra; mercado consumidor em alta; grande disponibilidade de recursos naturais; aumento nas taxas de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); valorização nos mercados de capitais; investimentos de empresas nos diversos setores da economia.

Características particulares para o desenvolvimento econômico de cada país:

O Brasil é o país mais atraente entre as nações do grupo quanto à possibilidade de receber investimentos estrangeiros, pois foi elevado à posição de grau de investimento, pelas agências de classificação de risco Standad e Poor´s. Aspectos que contribuem para o crescimento econômico do país:

- grande produtor agrícola;
- parque industrial diversificado;
- grandes reservas minerais, e com a descoberta da camada pré-sal será autossuficiente em petróleo e possível exportador;
- apresenta um grande mercado consumidor.

Conforme o relatório realizado por O’Nill, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil vai apresentar acréscimo de 150% até 2030 e chegará a US$ 2,4 trilhões, o que proporcionará ao país a quinta maior economia do mundo, atrás de Estados Unidos, China, Índia e Japão.
O estudo afirma que o Brasil precisa crescer uma média de 4% ao ano para atingir essa posição econômica.

Segundo as projeções de O’Neill, a Rússia será a sexta maior economia do planeta em 2050. Os cálculos apontam que, em 2018, o PIB russo ultrapassará o italiano. Em 2024, será maior que o da França, e, nos anos de 2027 e 2028, a Rússia deixará para trás o Reino Unido e a Alemanha, respectivamente.

Entre os fatores que fortalecem a economia russa estão:

- apresenta grandes reservas de petróleo e gás natural;
- atualmente é o segundo maior produtor e exportador de petróleo do mundo;
- o país conta com a maior reserva de gás natural do planeta;
- apresenta um grande mercado consumidor.

A Índia começou a crescer economicamente em números significativos a partir de 1991, quando o governo do país realizou o processo de abertura econômica, fato que começou a atrair investimentos internacionais.

- possui profissionais qualificados em áreas tecnológicas, principalmente, de informática;
- o país conta hoje com um verdadeiro parque de indústrias de tecnologia, nacionais e estrangeiras.
- apresenta um grande mercado consumidor.

Conforme projeções, a Índia será o único país entre as potências emergentes a crescer acima dos 5% ao ano, a partir de 2030. Já a taxa de crescimento do PIB de Brasil, Rússia e China, a partir de 2030, começará a declinar, ficando na média de 3% ao ano. A Índia, em 2050, será a terceira maior economia do planeta, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
Porém, o país necessita solucionar algumas questões, como por exemplo, a deficiência em infraestrutura e agricultura, além da falta de mão de obra especializada.

Em 1997, a China abandonou o socialismo de mercado e deu início ao capitalismo. Desde então ocorreram várias privatizações dos meios de produção, atualmente 70% da economia chinesa é privada. O país cresceu, nos últimos anos, de 8% a 10,7% por ano, bem superior à média mundial, que é de 4%.
Entre os fatores responsáveis por esse fortalecimento econômico chinês estão:

- apresenta um vasto exército de operários;
- alto investimento em tecnologia e infraestrutura;
- possui vários investidores estrangeiros atuando no país;
- sistema de educação de alto nível, 99,8% dos jovens são alfabetizados;
- Apenas 10% da população vive abaixo da linha da pobreza.

Conforme projeções de O’Nill, em 2020 a taxa real de crescimento da economia chinesa deverá estar por volta de 5% ao ano, enquanto em 2040 este número será ainda menor, por volta de 3,5%. Mesmo assim, eles esperam que o país asiático ultrapasse os Estados Unidos em 2041.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

Disponível em:http://www.brasilescola.com/geografia/bric.htm. Acesso em:02/09/2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Boa noite.. Para os alunos da 3a da EEB São Francisco

Alguns detalhes para uma pesquisa:
- A grande imprensa brasileira, que vai aparecer nos primeiros sites do buscador (por exemplo, da própria Google) sempre vai oferecer informações idelogicamente afinadas aos Estados Unidos e ao mundo ocidental, pois são informações produzidas por agências de notícias estadunidenses ou europeias;
- O Taliban surgiu no Afeganistão na luta pela expulsão dos soviéticos do território afegão, e nesse caso, foram apoiados pelos EUA;
- Saddam Hussein foi aliado dos EUA, na década de 80, mas acabou sendo enforcado em 2006, capturado com todo o aparato de exército dos EUA;
- Terrorismo virou uma expressão que serve para mostrar a violência que ocorre contra os EUA (principalmente no caso de 11 de setembro de 2001) ou contra alvos de países europeus, ou embaixadas norte-americanas, que ocorrem especialmente em países que tenham como governantes, pessoas aliadas aos EUA. Por exemplo, a África do Sul e o Brasil, que tem postura independente, que não servem de fantoche aos interesses estadunidenses, não se ouve falar em ataques terroristas. Não se pode admitir a violência contra ninguém, especialmente civis, porém não se pode esquecer que nos ataques que os EUA empenharam contra o Iraque e o Afeganistão, por exemplo, após 11 de setembro de 2001, morreram muitos civis, inocentes (muito mais do que no ataque as torres gêmeas);
- As palavras ditador e terrorismo servem para alguns contextos apenas. Por exemplo, o "presidente" egípcio Hosni Mubarak, aliado dos EUA. Quando o povo egípcio derrubou o governo de Mubarak, este virou "ditador". Já Kadhafi, quando nacionalizou companhias de petróleo, era um "ditador tirano". Quando promoveu pequena abertura de mercado, especialmente após o fim da URSS, virou "presidente líbio". Agora, com um movimento rebelde, fortemente armado, apoiado por nações europeias e com o suporte estadunidense, novamente vira uma "ditador maníaco e sanguinário".
Sugestão: procurem outras fontes (ex. o jornal francês Le Monde Diplomatique- no Brasil http://diplomatique.uol.com.br) ou a blogosfera, especialmente se escrito por um geógrafo, sociólogo, historiador, enfim.
A grande mídia tem posição, e esta posição sempre está ao lado dos EUA.


Perguntas para vocês responderem, durante o trabalho:
1- O que é a Al-Qaeda?
2- Por que o termo terrorista é relativo?
3- Por que Kadhafi é um personagem ambíguo (ditador ou estadista, bom ou mau)?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A disputa pelo petróleo (Le Monde Diplomatique Brasil)

Em agosto de 2004, a Libyan National Oil Company organizou a venda de 15 licenças de prospecção de petróleo em leilão.O evento atraiu uma multidão de interessados. 120 companhias manifestaram seu interesse, inclusive várias gigantes britânicas e dos EUA que haviam deixado a Líbia sem nunca terem sido nacionalizadas.


por Jean-Pierre Séréni


Em 1986, o então presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan chamou o coronel Muammar Kadhafi de “cão louco do Oriente Médio”, e enviou a 6ª Frota para bombardear a Líbia e impor-lhe um severo embargo petroleiro. O homem tinha, então, a imagem de um pária… Contudo, vinte anos depois, Kadhafi conseguiu trazer seu país de volta ao pelotão de frente dos exportadores de petróleo bruto graças às grandes companhias petroleiras estadunidenses, entre outras. Como tão notável façanha foi possível?

Em 1951, a Líbia, que por muito tempo foi chamada de “reino do vazio”, tornou-se independente em meio a uma pobreza avançada. Ela era fruto da união anacrônica de um imperialismo britânico em pleno declínio com uma confraria muçulmana saariana, a Sanoûsiyya (da qual o rei era originário). O seu único produto de exportação era o ferro velho recuperado dos campos de batalha da Segunda Guerra mundial.

Geólogos italianos, nos anos 1930 e, posteriormente, especialistas do exército dos Estados Unidos sugeriram a presença de petróleo no subsolo do vasto país (1,7 milhão de km2).

Criada em 1955, a lei que regulava a exploração do petróleo rompeu a regra de uma concessionária única por país, que até então vigorava no Oriente Médio: a Anglo-Iranian, no Irã, a Aramco, na Arábia Saudita, ou ainda a Irak Petroleum Company, no Iraque. Na Líbia as concessões foram limitadas no tempo (cinco anos) e no espaço. Quando o petróleo começou a jorrar, essa decisão revelou-se apropriada.

A exploração começou a todo vapor, envolvendo uma dezena de companhias. Em 1961, a Exxon inaugurou o terminal de Mars El-Brega. Em menos de cinco anos, a produção superou o milhão de barris/dia, desempenho inédito na época. Dezenove companhias, entre as quais Exxon, Shell, BP e ENI, operavam na região em 1962. O seu número passou para 39 em 1968. Um novo modelo petroleiro havia nascido e que acabaria vingando aos poucos no restante do mundo.

O coronel Kadhafi – que assumiu o poder em decorrência de um golpe de Estado, em 1º de setembro de 1969 – estava decidido a obter o preço mais alto pelo seu petróleo bruto. Para tanto ele reduziu pela metade, de modo autoritário, a sua produção diária com o objetivo de pressionar e obter aumento dos dividendos para o Tesouro. A Exxon podia substituir o petróleo bruto local pela sua produção em outros países. Mas a Occidental, que não tinha nada fora da Líbia, era o elo fraco da corrente e assinou sua rendição.

Sob pressão do governo líbio o Cartel, que mantinha os preços do petróleo congelados há muito anos, capitulou em setembro de 1970. Com isso, os preços e os impostos aumentaram em 20% de uma só vez.

Como bons discípulos do presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, Kadhafi e seu Conselho da Revolução estavam decididos a recuperar as riquezas nacionais. Mesmo com os riscos de experiências infelizes como a do primeiro-ministro iraniano Mohammad Mossadegh, expulso do poder pela CIA em 1953 por ter ousado enfrentar a Anglo-Iranian; ou a do coronel argelino Houari Boumedienne, que teve de enfrentar em 1971 um embargo oneroso após ter nacionalizado as jazidas das companhias francesas.

Em dezembro de 1971 a British Petroleum (BP) foi nacionalizada. O pretexto era tênue, mas os interesses em jogo eram consideráveis: a BP detinha a maioria(das ações?) da jazida de Sarir, a mais importante do país. Após uma querela jurídica tumultuosa, um acordo foi concluído: a Líbia retomou o controle da totalidade da jazida.

Toda vez que ocorria uma disputa dessa natureza, os mesmos fatos aconteciam: os técnicos estrangeiros eram submetidos a agressões e a todo tipo de assédio, o que reduziu o ritmo do trabalho nas plataformas, prejudicando gravemente a produtividade. Fartas dessa situação, as companhias Gulf, Philips, Amoco, Texaco e Socal, entre outras, abandonaram sucessivamente suas jazidas e deixaram o país. A companhiapública, a Libyan National Oil Company (LNOC), formada na escola estadunidense, retomou a exploração sem muitas dificuldades. Em dez anos, a renda do país foi multiplicada por cinco, até alcançar US$ 10.000 per capita em 1979.

Surgiram então dificuldades no plano político. Em dezembro de 1979, o Departamento de Estado Estadunidense acusou a Líbia de apoiar o terrorismo, entre outros motivos pela ajuda que dera a movimentos palestinos radicais. Pouco depois Washington fechou a sua embaixada em Trípoli e proibiu aos estadunidenses de comprarem petróleo líbio. Por fim, em junho de 1986, a proibição foi estendida para todo e qualquer comércio.

Os atentados contra um Boeing 747 da Panam, em 21 de dezembro de 1988, e contra o DC10 da companhia francesa UTA, em novembro de 1989, resultaram em sanções internacionais que iriam prejudicar a indústria petroleira líbia. Enquanto a LNOC não teve dificuldade para abrir novos mercados na Europa, na Turquia e no Brasil para substituir aquele perdido com os Estados Unidos, o embargo derrubou de vez seus planos de desenvolvimento na exploração, na petroquímica e na produção de gás natural. Diante da impossibilidade de atrair os capitais ocidentais, a tecnologia, o know-how e os equipamentos “made in America”, os grandes projetos foram suspensos.



a jogada de kadafi

O período de 1992 a 1999 foi particularmente sofrido. O crescimento da economia desmoronou (+ 0,8% por ano), enquanto a renda per capita diminuiu 20%. O descontentamento foi crescendo, revoltas foram fomentadas, entre outros, na região da Cirenaica, enquanto as tentativas para derrubar o regime foram se multiplicando. Já não era sem tempo para o coronel Kadhafi sair de cena. Então, passando por cima de todo e qualquer escrúpulo, ele entregou às autoridades britânicas seus próprios agentes acusados no atentado à Panam, indenizou com gorda quantia as 270 vítimas (e deu um pouco menos para as 170 vítimas do DC10 da UTA). Após os ataques de 11 de setembro de 2001 Trípoli alinhou-se atrás de Washington, juntando-se aos partidários de um antiterrorismo islâmico sem meio termo. Por fim, em 2003, alguns dias depois da entrada dos blindados estadunidenses a Bagdá, Kadhafi renunciou publicamente a dotar seu país da arma nuclear. Em 13 de novembro de 2003, as últimas sanções internacionais em vigor foram suspensas, o que abriu caminho para a retomada da atividade petroleira.

Kadhafi sonhava duplicar rapidamente a produção, até alcançar mais de três milhões de barris/dia, o que lhe permitiria equiparar-se ao Irã e tornar-se um membro influente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o cartel que orienta os preços dos “ouro-negro”. Em agosto de 2004, a LNOC organizou a venda de quinze licenças de prospecção em leilão. O evento atraiu uma multidão de interessados.

Cento e vinte companhias manifestaram seu interesse, inclusive várias gigantes estadunidenses e britânicas que haviam deixado a Líbia em 1986 sem nunca terem sido nacionalizadas. Onze dos quinze “blocks” foram atribuídos a estadunidenses (Occidental, Amerada Hess, Chevron, Texaco). A prioridade do governo era associar mais uma vez as companhias petroleiras dos Estados Unidos à sua indústria, em detrimento de sociedades europeias como a Total, que o haviam apoiado durante o período das sanções.

De onde vem esse fascínio recíproco e duradouro entre as companhias, das menores até as maiores, e um país tão difícil para elas quanto a Líbia? O seu petróleo é de excelente qualidade, e as suas jazidas ficam próximas dos centros de refino europeus, entre os mais importantes no mundo. Atualmente o petróleo líbio representa cerca de 15% do consumo da França e menos de 10% daquele da União Europeia.

Em 1960, as “majors”, em sua maioria anglo-saxônicas, controlavam a maior parte da produção não comunista. Hoje elas foram substituídas pelas sociedades nacionais dos países produtores. Daqui para a frente proprietárias do subsolo, elas controlam seu acesso, ainda que precisem das companhias internacionais para viabilizar uma fase essencial da atividade petroleira: a exploração e a prospecção de novas jazidas.


Jean-Pierre Séréni é jornalista.


Disponível em:http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=918. Acesso em:09/09/2011

Bin Laden e o Imperialismo Americano

O papel americano de policial do mundo acaba de afetar a América de forma direta. Foi a América que despejou vultosos recursos no movimento contra-revolucionário do Afeganistão em 1979, numa época em que as jovens ainda podiam freqüentar escolas, e as mulheres tinham acesso ao trabalho fora do lar. O imperialismo americano é diretamente responsável pela reação talibã (a) no Afeganistão. Osama Bin Laden e seus milicianos eram armados e treinados pela CIA e o M16 britânico, em colaboração com o InterServices Intelligence (ISI) (b), do Paquistão, a fim de derrubar o governo pró-moscovita de Cabul.

Durante os últimos 21 anos temos assistido ao brutal massacre de homens, mulheres e crianças no Afeganistão. Agora, o Afeganistão faminto, devastado pela guerra e pela seca, está enfrentando uma situação verdadeiramente terrível. As sanções impostas pelos americanos têm enormemente intensificado as aflições e a miséria, e as condições que se deterioraram acrescentam a tal estado de coisas uma dimensão trágica. A fome generalizada e a subnutrição são agravadas pelas continuadas guerras por procuração, em que potências estrangeiras disputam o domínio da Ásia Central e de suas vastas riquezas petrolíferas, e onde o Afeganistão ocupa posição estratégica como possível rota de oleodutos.

Resultado: o Afeganistão tornou-se uma terra devastada. Quando os talibãs finalmente tomaram Cabul vingaram-se horrivelmente de seus inimigos: Najibullh, o ex-presidente, foi enforcado num posto de iluminação pública e em sua boca enfiaram seus órgãos genitais. Através de tais métodos, o Ocidente "civilizado" e seus agentes pagos alcançaram seus objetivos principais nessa terra infeliz.

Muita gente ficou chocada com as cenas midiáticas da tragédia que se desenrola no Afeganistão. O regime tem imposto um reino de terror, com a limpeza étnica em Bamyan e Mazar-e-Sharif; reprimiu etnias e membros de outras religiões; dinamitou estátuas de Buda, executou mulheres publicamente em Kandhar, adotou o chicote... Os gritos de horror das mulheres afegãs oprimidas ressoam pela Ásia.

A pergunta é: quem é responsável por esta guerra civil sanguinolenta, todas essas mortes, pela fome, pela limpeza étnica e cabal barbarismo? A resposta é muito simples: foi o imperialismo americano que reduziu o Afeganistão ao nível da Idade Média, destruindo completamente a civilização lá existente.
O papel do imperialismo americano no Afeganistão

O regime stalinista instalado pela ala de oficiais esquerdistas em 1978 executou uma série de reformas, inclusive a reforma agrária e medidas progressistas em relação às mulheres e à educação, numa tentativa de levar o Afeganistão para o século XX. Isto significou uma ameaça mortal não apenas aos interesses dos latifundiários, agiotas e dirigentes religiosos afegãos mas também à monarquia reacionária da Arábia saudita e a outros paises vizinhos. Por esta razão, e pela afinidade com Moscou, que de fato não desempenhara qualquer papel na revolução de 1978, o imperialismo estadunidense opôs-se implacavelmente ao novo regime de Cabul, o qual, embora de forma destorcida, representava uma revolução. É por esse motivo que o imperialismo americano deliberadamente armou, financiou e incitou a coalizão mais bárbara e reacionária contra a revolução afegã.

A CIA e seus aliados mobilizaram vastas somas de dinheiro e largo volume de armas em apoio da contra-revolução afegã. No Oriente Médio, a Fraternidade Muçulmana e a Liga Mundial Muçulmana sediada na Arábia Saudita, juntamente com o príncipe Turki al Faisal, chefe da inteligência militar saudita, associaram-se para levantar recursos enormes para a jihad - guerra santa. Eles se tornaram de importância fundamental para o recrutamento e o treinamento dos milicianos (mujahidins) fundamentalistas por todo o mundo árabe. O ISI e a Jamat-e-Islami do Paquistão estabeleceram comitês de recepção para dar as boas vindas aos jovens da classe média em dificuldade que se apresentavam como voluntários para a jihad O ISI criou centenas de campos e centros de treinamento militar. O general Hamid Gul, ex-diretor do ISI, afirmou a um jornalista, "Estamos combatendo numa jihad e esta é a primeira Brigada Internacional Islâmica da era moderna. Os comunistas têm sua Internacional, o ocidente tem a NATO, por que os muçulmanos não podem unir-se e formar uma frente comum?"

O ISI, sob a direção de seus mentores da CIA, há muito precisava do príncipe Turki al Faisal, chefe do serviço de inteligência saudita, para dirigir a parte operacional saudita, demonstrando aos contra-revolucionários - os milicianos - o compromisso da família real saudita para com o Islã e a jihad, contra o regime "comunista ateu" de Cabul.

Só entre 1980 e 1992, mais de 35.000 fundamentalistas islâmicos de 43 países juntaram-se aos milicianos afegãos. O Paquistão já dera instruções claras a todas suas embaixadas no estrangeiro para que concedessem vistos sem questionar a quem quer que desejasse engajar-se à luta no Afeganistão. Entre os milhares de recrutas estrangeiros, um deles era Osama Bin Laden.

Em 1986 Osana Bin Laden construiu o complexo de túneis que a CIA financiou como o maior depósito de armas, treinamento e instalações militares para os milicianos, nas remotas montanhas próximas às fronteiras do Paquistão. Bin Laden certa vez admitiu que para "conter a revolução no Afeganistão, o regime saudita escolheu-me como seu representante no Paquistão e no Afeganistão. Recrutei voluntários de muitos paises árabes e muçulmanos que atenderam ao meu apelo. Instalei campos onde oficiais paquistaneses, americanos e britânicos treinavam os voluntários. A América fornecia as armas; o dinheiro vinha dos sauditas."

Fato é que após 14 anos de sangrenta guerra civil os milicianos fundamentalistas finalmente tomaram Cabul. Mas também é certo que não conseguiram uma vitória militar. O governo de Cabul foi ao colapso porque Moscou retirou sua ajuda militar como parte de um compromisso com o imperialismo americano, enquanto o Paquistão e a Arábia Saudita continuaram com o auxílio militar aos milicianos.

Sem a traição da burocracia russa, os milicianos fundamentalistas nunca seriam capazes de ocupar Cabul e qualquer uma das principais cidades, que não puderam ocupar em 14 anos de combate. A queda de Cabul representou uma vitória para o fundamentalismo islâmico. O imperialismo americano despendeu bilhões de dólares e forneceu generosa ajuda militar aos milicianos a fim de derrubar o regime de Cabul. Contudo, mesmo depois de Moscou retirar suas tropas, as forças de Najibullah ainda conseguiram repelir todas as investidas dos milicianos.

Mas a retirada da ajuda colocou o regime numa posição difícil. A remoção de Najibullah através de um golpe planejado pela CIA e o ISI preparou o caminho para a captura de Cabul pelos milicianos fundamentalistas. O novo regime liquidou a maior parte das reformas progressistas do poder anterior. Mas o novo governo era muito instável desde sua formação. Imediatamente combates irromperam entre as forças do Hizbe-Islami, lideradas por Gulbadin Hikmatyar e o Jamaty-e-Islami de Ahmed Shah Masoud. Estes bandos rivais de contra-revolucionários engalfinharam-se ferozmente, de forma que em 1994, quando nenhum dos lados conseguira vitória decisiva sobre o outro, o campo estava aberto para a nova onda reação, ainda mais extremada, na forma do talibã.
O talibã

Os talibãs foram uma criação dos militares paquistaneses e de seu serviço de inteligência, com a ajuda efetiva da CIA. Foram recrutados nas escolas de estudantes islâmicos (madrassas) fumncionando no Paquistão, e financiados, armados e treinados pelo InterServices Intelligence - o ISI. O Mullah Omar emergiu como o principal líder do talibã com a ajuda do ISI em 1994 e, logo após, com a ajuda paquistanesa, os talibãs assumiram o controle das maiores cidades do Afeganistão. Primeiramente eles capturaram Kandhar, em seguida Herat, Cabul, Mazar Shareef e, por último, Bamyan. Mas nada disso teria sido possível sem a mais ativa participação de Islamabade e de Washington. Estima-se que os talibãs receberam cerca de 10 bilhões de dólares da América, que continuou a financiá-los até recentemente. Importância equivalente conseguiram do reacionário regime saudita.

O talibã penetrou no Afeganistão sob o lema da paz, mas logo seu slogan de paz se transformou na mais terrível opressão. Fecharam escolas - particularmente escolas femininas - e baniram o trabalho das mulheres fora do lar. Destruíram receptores de televisão, queimaram bibliotecas, saquearam museus históricos, proibiram toda uma série de desportos e determinaram que os homens deixassem crescer suas barbas. A fim de consolidarem seu domínio, encorajaram o cultivo da papoula, isto é, a produção de ópio e heroína - sua maior fonte de renda.

Até 1997, os americanos foram espectadores silenciosos no respeitante a assuntos de direitos humanos no Afeganistão. O imperialismo americano conduziu-se visivelmente cego e surdo ao tempo em que os talibãs escorraçavam as mulheres e crianças em Mazar-e-Sharif, e quando levaram a efeito maciças limpezas étnicas em Bamyan. Quando começaram sua aterrorizadora repressão contra as mulheres em Cabul, Herat e Khandhar, quando eles fecharam escolas, hospitais, proibiram músicas e jogos desportivos. O imperialismo americano não apenas permaneceu silencioso, mas continuou a apoiar o regime de Cabul.

Desde o início, os americanos apoiaram o talibã, perseguindo insolentemente seus próprios objetivos. Como de hábito, interesses econômicos estiveram em causa. Grandes empresas norte-americanas estão muito interessadas na construção de oleodutos dos paises da Ásia Central através do Afeganistão. Esta é a atitude condicionada pela América, relativamente ao regime talibã. A UNOCAL, gigantesca multinacional, chegou a um pacto com o talibã. Quando o talibã falhou na conquista de todo o país - especificamente da região norte - e não conseguiu derrotar a Aliança Norte (c), o projeto do oleoduto ingressou numa crise cada vez mais profunda. "Cego e surdo", o imperialismo americano subitamente tornou-se capaz de ouvir o pranto das mulheres afegãs e atentou para a repressão contra as massas.

No intuito de demonstrar sua "solidariedade" para com as populações afegãs oprimidas e subnutridas, Washington empreendeu um brutal ataque aéreo, lançando seu mísseis Cruise contra o Afeganistão, usando também seu instrumento, as "Nações Unidas", para impor sanções ao país. A imposição não tem efeito sobre os gângsteres, mas atinge os setores mais pobres, que lutam precisamente para se manterem vivos. Estes ataques e sanções têm servido meramente para fortalecer o talibã, justamente como o infame bloqueio do Iraque, onde as mesmas medidas têm causado mortes superiores a um milhão de iraquianos, porém falharam completamente em derrubar Sadam Hussein.
Osama Bin Laden

Osama Bin Laden desempenhou papel chave na guerra dos contra-revolucionários islâmicos contra o regime stalinista em Cabul, recebendo o apoio entusiástico da CIA. O ex-diretor deste órgão, William Casey, comentou o apoio a Bin Laden em seus escritos. Mas muitos cães acabam por dar meia-volta, e mordem seus donos. Depois que a União Soviética se retirou do Afeganistão, Bin Laden voltou sua atenção para a América, organizando o bombardeio das embaixadas estadunidenses no leste da África.

Da noite para o dia, o herói e corajoso "combatente da liberdade" da CIA, tornou-se o "inimigo da civilização". O que aconteceu entre estes dois anteriormente estreitos aliados, e que tipo de diferenças emergiu entre si? Quando estiveram envolvidos na derrocada do regime pró-Moscou do Afeganistão, Bin Laden era o favorito das classes dirigentes americanas e o fiel confidente da família real saudita. Agora, de repente, ele se transformou no maior criminoso e terrorista do mundo! Ele é realmente terrorista, criminoso e reacionário. Mas esta não é uma conclusão recente. Ele era o que é exatamente desde o início, ao lançar sua guerra assassina contra os trabalhadores e camponeses do Afeganistão, com integral apoio da América.

O que enraiveceu os americanos foi o fato de que, após o fim da guerra-fria, esses bandidos e gângsteres contra-revolucionários fugiram de seu controle. Não é o caso de o fundamentalismo ter mudado. Era o mesmo cão hidrófobo de antes - mas a trela escapara de seu pescoço! As diferenças com os americanos vieram a furo em 1991, quando o imperialismo americano atacou o Iraque e alguns desses fundamentalistas islâmicos, particularmente a organização Al Qaeda, opuseram-se à presença de tropas americanas na Arábia Saudita. Os mesmos fanáticos fundamentalistas que lutaram contra as tropas soviéticas, "estrangeiros num país muçulmano" (Afeganistão), agora voltavam-se contra os Estados Unidos, recorrendo à mesma lógica.

A presença de tropas americanas em solo árabe acelerou a polarização entre os fundamentalistas. As lideranças mercenárias de grupos fundamentalistas, controlados pela CIA, foram passivas no tocante à presença de tropas americanas, e assim rapidamente perderam o apoio popular. Daí emergindo as tendências fundamentalistas mais extremadas, escapando ao controle americano e de seus estados subservientes no mundo muçulmano.

Washington semeara vento e colhera tempestade. Usando fundos e armas que lhes foram doados pelos americanos e sauditas, os grupos fundamentalistas mais bem organizados como o Al Qaeda estabeleceream bases em vários paises islâmicos, tais como a Argélia, o Sudão, o Egito, o Iraque, a Turquia, o Tadjiquistão e a Caxemira. Em 23 de fevereiro de 1998, numa reunião realizada no campo de Khost - construído pela CIA - a Frente Islâmica Internacional lançou um manifesto, anunciando a jihad contra os Estados Unidos. A declaração afirmava que por mais de sete anos esta potência tinha ocupado terras do Islã na península arábica. Da reunião resultou um fatwa (decreto sagrado), afirmando que matar americanos era dever de todos os muçulmanos. O bombardeio das embaixadas na África era parte da guerra empreendida pelas forças acima mencionadas.

Compreendendo que tinham sido traídos pelo ex-aliado e seus auxiliares, a fúria dos imperialistas americanos não conheceu limites. Descarregaram suas frustrações sobre o indefeso povo afegão, primeiro bombardeando-o e, em seguida, impondo-lhe um cruel regime de sanções que tem implicado em fome e subnutrição para milhões de homens, mulheres e crianças já traumatizados por décadas de guerra. De acordo com as Nações Unidas, uns quatro milhões de pessoas podiam estar à beira da inanição no Afeganistão. E isso antes da presente crise. Osama, naturalmente, não foi atingido. Ele apenas se mudou do campo de Khost para abrigo seguro em Khandar, juntamente com seu "amigo espiritual", o dirigente talibã Mullah Omar.
O terrorismo reforça a reação

O recente ataque terrorista nos Estados Unidos introduziu um elemento inteiramente diverso na situação. O terrorismo é um método de luta reacionário, alheio à luta de classes. Marxistas e membros do movimento operário por toda parte condenam incondicionalmente o terrorismo - parta ele de indivíduos ou de estados. Os ataques terroristas bárbaros nos Estados Unidos certamente pavimentarão o caminho para mais reação, mais terrorismo num círculo infernal de ação e reação. No final das contas, fortalecerão as reacionárias classes dirigentes dos Estados Unidos, que acharão mais fácil implementar suas brutais políticas internacionalmente e também suas políticas domésticas contra a classe trabalhadora. O terrorismo de estado será a resposta ao terrorismo individual.

O terror sempre foi empregado pelas classes dominantes quando julgado necessário. Não há exceção. Bush já proclamou os eventos de 11 de setembro " ...não atos de terror, mas atos de guerra". Noutras palavras, ele tratará os ataques não como assunto para foguetes Cruise de alta precisão, mas como uma guerra declarada. Quem seria então o alvo desta guerra? Bush já respondeu: "Não faremos distinção entre os terroristas que cometeram estes atos e aqueles que abrigam seus autores". Isto quer dizer que a América considera atacar as bases militares dos paises que proporcionaram a Bin Laden e seus seguidores abrigo seguro": dessangrar o Afeganistão, na verdade, mas também possivelmente o Iraque, o Sudão, a Síria e o Irã, e talvez até mesmo o Paquistão, se este recusar-se a colaborar com seus planos agressivos.

Posto que Washington não tenha oferecido provas do envolvimento de Bin Laden na última atrocidade, não obstante ameaçaram atacar o Afeganistão. Tal ameaça provocou uma situação nova e caótica por toda a região. Após a declaração de guerra de fato ianque contra o Afeganistão, as Nações Unidas evacuaram todo seu pessoal, e membros estrangeiros das organizações não-governamentais chegaram ao aeroporto de Islamabade nos próximos vôos. Centenas de milhares de afegãos começaram a fugir de sua pátria em ondas, dirigindo-se às fronteiras com o Tadjiquistão, o Irã e o Paquistão. A maioria deles movem-se em direção ao Tadjiquistão e ao Irã, porque acreditam que numa guerra contra o Afeganistão o Paquistão também será atingido pelos Estados Unidos. Entretanto, a China fechou as fronteiras com o Paquistão e o Afeganistão. O pessoal da embaixada do Paquistão em Cabul foi evacuado. Os militares paquistaneses tornaram rígidas as medidas de segurança ao longo da fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. Na mesma fronteira, a tensão entre forças armadas dos dois paises está aumentando a tal ponto que há a possibilidade de surgir luta entre si. No interior do Afeganistão, os preços dos gêneros de primeira necessidade, particularmente combustível, subiram até 50%, aumentando a miséria das populações. O preço da farinha de trigo, por exemplo, subiu de 80.000 Afeganis (moeda do Afeganistão) a medida de 7 kg. para 120.000 Afeganis.

Os talibãs aprestam suas forças, e observam de perto a situação regional. Este ano, paradas militares em Cabul têm revelado que os talibãs dispõem ainda de no mínimo 50 mísseis Stinger disparados do ombro. Eles também possuem um número desconhecido de tanques T-59 e 55 deixados pelos soviéticos.Contam com outros equipamentos, inclusive com artilharia de calibres 133 e 155, como também com mísseis 122 e 107. E também têm alguns helicópteros de combate e canhões antiaéreos 12,7 e 14,5 mm., afora apreciável número de mísseis antitanques. Alguns caças MIG e Sakori estão em seu poder.

Os imperialistas estadunidenses hesitam porque temem ser atraídos para um conflito que pode ter as mais sérias conseqüências para eles.
A situação no Paquistão

A situação no Paquistão é agora muito tensa, especialmente na fronteira nordeste e no Baluchistão. Todos os maiores aeroportos do Paquistão estão ocupados pelo exército, as embaixadas dos Estados Unidos e dos paises europeus encontram-se fortemente protegidas. Todos os empregados dos Estados Unidos e dos paises europeus no Paquistão foram evacuados, bem como os funcionários das multinacionais.

O regime militar - e especialmente o estamento militar paquistanês - divide-se no tocante ao provimento de suporte para as forças americanas e da NATO contra o Afeganistão. Em 15 de setembro, o Conselho de Segurança paquistanês e o gabinete federal anunciaram que o Paquistão ampliaria a cooperação com os Estados Unidos em caso de ataque ao Afeganistão. No mesmo dia, o secretário de segurança dos Estados Unidos Colin Powell confirmou que o Paquistão concordou com todas as condições impostas pelos Estados Unidos em conexão com as ações militares contra o estado vizinho. Estas condições determinam o fechamento da fronteira com o Afeganistão, a suspensão do fornecimento de suprimentos de combustível e a permissão para o uso do aeroporto e de instalações terrestres no Paquistão. Esta situação forçará o Paquistão a equilibrar-se precariamente entre dois fogos. Mas Islamabade não tinha escolha: negar cooperação aos Estados Unidos significaria possível ataque de forças militares americanas. Ou, no mínimo, seria alvo de ruinosas sanções econômicas, e o apoio americano à Índia quanto à questão da Caxemira.

Os Estados Unidos desconfiam que o Serviço de Inteligência Interna - ISI, do Paquistão, está por trás de grupos terroristas islâmicos, o qual não deseja comprometer-se. De outra forma, se o Paquistão apóia uma guerra contra o Afeganistão, haverá, então, maciça reação doméstica, que poderá até mesmo transformar-se em guerra civil, com a possibilidade de que setores fundamentalistas do sistema militar - estreitamente alinhado com o talibã - possa tomar o poder. á um poderoso elemento

Há um poderoso elemento no seio da organização paquistanesa de inteligência, o ISI, e o exército - cujo tamanho efetivo é muito difícil de avaliar - e cuja feição político-religiosa não difere de aspectos da jihad paquistanesa ou do talibã.

Esses grupos fundamentalistas paquistaneses, até o momento desfrutaram do apoio de parte do estamento militar. É claro que o Paquistão usou estes grupos fundamentalistas (que têm o mesmo comando central e estão ligados ao talibã) no conflito de Kargil com a Índia, entre maio e julho de 1999. A Harakat-ul-Ansar (HUA), fundamentalista, também "em guerra" com a América, matou americanos na Caxemira Agora, pretendem pôr tais grupos sob controle.

Existem cerca de 5.900 escolas religiosas fundamentalistas (madrassas) pelo país - mais ou menos 2.500 seminários operando no Punjabe, 80 só no Lahore. O ministério do interior verificou que a maioria destes seminários do Punjab estão afiliados à escola de pensamento Deobandi com fortes ligações políticas com o talibã. Para o Paquistão, o banimento do Laskar-e-Tayyba (LT), Harkat-ul-Mujahideen (HUM) e outros grupos fundamentalistas geraria conflito no seio exército. Um outro problema é que estas organizações fundamentalistas têm seus centros em áreas militares no Paquistão, a exemplo de Rawalpindi.

Sem nenhuma dúvida, a classe dominante paquistanesa agora está entre a cruz e a caldeirinha. Por um lado, os Estados Unidos estão exercendo impiedosa pressão. O diretor do ISI, general Mehmood Ahmed, que se sentiu bastante infeliz nos Estados Unidos, no dia 11 de setembro, experimentou instantes difíceis em Washington junto a Colin Powell e os chefes do Pentágono. Por outro lado, há a ameaça desses setores do sistema militar do Paquistão simpáticos ao fundamentalismo islâmico. São estreitamente ligados ao talibã. O ex-chefe do pessoal militar, Mirza Aslam Baig, fez uma veemente advertência a Musharaf: se ele permitir a presença de tropas americanas no Paquistão será uma catástrofe para toda a região como também para o próprio país. Espera-se que logo o general Musharaf visite à China, mas sabe-se que esta nação é muito cautelosa em relação às ações da NATO e às tropas americanas na região. O mais provável é que o general Musharaf receba fria acolhida em Pequim.

A perspectiva de guerra constitui um pesadelo para o Paquistão. O talibã já publicou uma declaração, segundo a qual se o Paquistão oferecer apoio à América contra o Afeganistão, ele declarará guerra. O talibã tem estacionado um apreciável número de mísseis Scud apontando para o Paquistão ao longo da linha Durand - linha que demarca o limite entre a Índia, outrora controlada pelo Reino Unido, e Afeganistão. O talibã, cria paquistanesa, agora se verifica ser uma faca de dois gumes - com o gume mais afiado voltado para o Paquistão. Tudo isto representa um prêmio para a política traiçoeira de décadas de apoio encoberto à reação fundamentalista no Afeganistão. Finalmente, o feitiço virou contra o feiticeiro.

O estado de coisas agora ameaçador será catastrófico para o Paquistão. Milhões de refugiados já estão vivendo no Paquistão, espalhados pelo país. Além disto, em ambos lados da linha Durand - a fronteira de 1.400 milhas com o Afeganistão - habita o mesmo povo, os patenes (d). Os efeitos do ataque dos Estados Unidos ao Afeganistão seriam muito perturbadores entre os patanes no Paquistão como também entre os refugiados afegãos. A questão nacional no Paquistão não está resolvida; é um potencial barril de pólvora.

Se o regime militar em Islamabade cooperar com as forças norte-americanas e a NATO, os patanes em ambos os lados da fronteira sofrerão mais do que qualquer outra etnia, o que desencadeará uma onda de ódio. Isto poderia resultar em revolta aberta contra o estado paquistanês, podendo espalhar-se entre outras nacionalidades. Registra-se severa repressão contra as oprimidas nacionalidades no Paquistão, particularmente no sul do Baluchistão. É até possível que a agressão americana no Afeganistão possa desencadear forças de tal porte que o Paquistão poderia começar a desintegrar-se. Seria um pesadelo para os trabalhadores e camponeses do Paquistão.

As massas ainda estão confusas e desorientadas, mas a oposição está aumentando contra o regime militar e os Estados Unidos. Espalha-se a hostilidade ao imperialismo americano no seio dos povos. Contudo, a liderança do PPP está caótica e Benazir Bhutto comprometeu-se em apoiar o regime. Por enquanto, os grupos fundamentalistas são responsáveis pela maior parte da confusão, aproveitando a disposição antiimperialista das massas. Nos mercados de Carachi de outras cidades paquistanesas, fotografias de Bin Laden são conspicuamente expostas como o "Grande Mujaheed" (combatente religioso), e o povo as está comprando. Todavia, uma vez a classe trabalhadora comece a lutar sob seus próprios lemas e bandeiras, tudo pode mudar. O confuso humor antiimperialista das massas pode facilmente transformar-se num movimento anti-regime, anticapitalista e antiimperialista. Mas para que isto aconteça, lideranças capazes tornam-se necessárias.
Uma aventura perigosa

O regime militar paquistanês demonstra crescentes sinais de desespero. Uma delegação dirigida por um dos chefes do ISI foi despachada de Islamabade a Khandahar a fim de interceder junto ao talibã para que entregue Osama Bin Laden aos americanos e assim afastar o conflito que o Paquistão tanto teme. O chefe do ISI comunicou às autoridades americanas que um prazo final de três dias devia ser concedido ao talibã para a entrega de Osama Bin Laden. Mas a iniciativa falhou miseravelmente.

O regime talibã claramente usou-a para ganhar tempo: repetidamente negando que ele tivesse qualquer envolvimento nos eventos de 11 de setembro. Era óbvio que o talibã não concordaria com qualquer condição para entregar Bin Laden. A única possibilidade para capitulação seria uma cisão, tornando-se um conflito aberto entre os líderes tallibãs em relação à exigência. Um conselho de ulemás foi convocado em Cabul para discussão do caso Osama, mas isto apenas significou mais uma tática dilatória, presumivelmente permitindo ao talibã retirar seu pessoal para fora da capital. Finalmente, Bush perdeu a paciência e mandou um incisivo ultimato. Este representou, de efeito, uma declaração de guerra.

Talvez mesmo agora pudesse surgir alguma outra iniciativa para evitar o conflito. No pântano traiçoeiro do Afeganistão e do Paquistão, quase tudo é possível, e tudo tem seu preço. A questão, porém, é saber se os Estados Unidos pagariam qualquer preço. A resposta curta é não. Washington, que colocou o talibã no poder, está agora decidido a expulsá-lo. Enquanto o talibãs controlarem a maior parte do Afeganistão, não discutirá qualquer barganha com o regime. Os preparativos para a guerra já começaram.

O Paquistão já iniciou o bloqueio de embarques de mercadorias para o Afeganistão ao suspender o tráfego comercial para ilhado vizinho. Informa-se que as 82ª e 101ª divisões aerotransportadas americanas, compreendendo quase a metade das forças de combate deste tipo à disposição do presidente Bush, já estão sendo levadas por via aérea para bases paquistanesas. O grosso destas forças se movimentará para o norte do Punjabe e ocupará posições próximas à cidade de Dara Ismil Khan.

Se os americanos começarem a guerra com o Afeganistão, enfrentarão muitas dificuldades. Como assinalou a revista Time, "uma vitória americana no Afeganistão rapidamente se transformaria numa derrota catastrófica se a guerra ali transformasse o Paquistão, com seus 145 milhões de habitantes e suas armas nucleares, num estado islâmico fundamentalista". A aventura afegã estará repleta de problemas. Para começo de conversa, é um pesadelo logístico, porque a infraestrutura do Afeganistão tem sido destruída numa guerra civil ininterrupta de 21 anos. Não há ferrovias nem rodovias dignas deste nome. Seria extremamente difícil se as forças americanos e da NATO tivessem de operar usando bases longínquas e fora do país.

O Afeganistão é uma terra montanhosa de barreiras naturais vastamente dispersas, e de forma alguma adequada a forças modernas providas de equipamentos de alta tecnologia como as dos Estados Unidos. E, de resto, ataques aéreos apenas não serão suficientes para a realização dos objetivos bélicos de Washington. O desalojamento do talibã provavelmente exigiria uma invasão terrestre que levasse à captura e ocupação de Cabul e de outras cidades principais. E ainda deixando a zona rural, por demais escarpada, onde as bases fundamentalistas estariam localizadas, fora do controle militar americano.

Desde a guerra do Vietnã, os Estados Unidos sempre hesitam no comprometimento de forças terrestres. É extremamente difícil para as forças americanas ganhar a guerra no Afeganistão. O mero controle de Cabul nunca proporcionou a qualquer ocupante o domínio do restante do país. O povo afegão é bem treinado nas táticas de guerrilha pela experiência dos últimos 21 anos. Diz-se que os Estados Unidos planejam instalar no poder Zahir Shah, ex-rei do Afeganistão, após a expulsão do talibã. Um diplomata afirmou, "Zhair Shah, diz-nos, torna-se igualmente necessário para que o Afeganistão permaneça um país unido e viável após os ataques ianques".Que idéia brilhante! Em seqüência à completa destruição do país, eles querem um rei ancião de 86 anos para formar um novo país - no topo de um cemitério.

Washington também está tentando apoiar-se na Aliança do Norte. A guerra entre o talibaã e a Aliança do Norte intensificou-se depois do assassinato do comandante Ahmed Shah Masood. Este foi seriamente ferido na tentativa de morte e faleceu em 13 de setembro. Era o ministro da defesa da frente unida governamental do Afeganistão, sediada em Badakhshah, sob a direção presidente do Burhanuddin Rabbani, que ainda é, por formalidade, reconhecido por todos os paises, à exceção do Paquistão, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos (UAR). As forças da Aliança do Norte acusaram o ISI e o talibã pelo assassinato.

Em sua última entrevista antes do ataque, Masood assinalou corretamente que sem o Paquistão, "o talibã não pode durar seis meses". Na sua mais recente visita à Europa, onde discursou no Parlamento Europeu, reunido em Paris, Ahmed Shah Masood afirmou - também acertadamente - que "os militares do Paquistão e o ISI estão por trás do regime talibã". Ahmed Shah não deixou de advertir a América que a guerra desta feita não ficaria restrita ao Afeganistão.

A Aliança do Norte controla somente cinco por cento do Afeganistão - o restante está sob o controle do talibã. Em 11 de setembro, após os ataques terroristas nos Estados Unidos, a Aliança do Norte empregou lançadores de foguetes para disparar mísseis sobre Cabul. Intensos combates ocorrem na região norte. A Rússia tem concentrado tropas próximo da fronteira tadijique; o Irã também está aumentando suas tropas nas proximidades da fronteira afegã. A febre guerreira está alcançando seu pico por toda região.
Apelo à classe operária americana

O movimento operário condena o terrorismo individualista, não importando quem seja o responsável por ele. Mas uma coisa é bastante clara: o imperialismo estadunidense é responsável pelo talibã e pela reação afegã. Ele armou e financiou os fundamentalistas em sua luta contra o deformado estado proletário do Afeganistão. É inteiramente culpado pelo atual barbarismo no Afeganistão. Agora, sua própria criação voltou-se contra o poder dominante nos Estados Unidos. O talibã, aproveitando a ajuda americana, agora já não se revela títere confiável, e passa a desafiar seus senhores de outrora.

Os marxistas condenam o terror individualista, mas também condenam o terror de estado, cujos efeitos são até mais cruéis e completamente inumanos. As massas afegãs no presente enfrentam situação terrível. Após as sanções das Nações Unidas, que as levaram a uma miséria inaudita, agora estão ameaçadas por bombas e mísseis. Que é isto se não terrorismo da pior espécie? Todavia, acerca desta forma de terrorismo "oficial" as Nações Unidas, os grupos de direitos humanos, as organizações não-governamentais e os dirigentes reformistas da social-democracia silenciam. Isto vividamente demonstra a hipocrisia desses sacripantas, que não perdem oportunidade para expressar sua disposição de combater o terrorismo, apoiando, por outro lado, as ações terroristas do imperialismo americano no Iraque, no Afeganistão e em toda parte.

Na realidade a intenção do imperialismo americano que está fazendo guerra ao Afeganistão, não é combater o terrorismo mas assegurar seu domínio no mundo e intimidar as massas no Oriente Médio, na África, na Ásia e na América Latina. Suas escusas para atacar o Afeganistão é que este país abriga Bin Laden, mas foi incapaz de produzir um farrapo de evidência do que afirma. De outra forma, há bastante evidência de que o imperialismo americano tem apoiado, armado e financiado grupos terroristas por todo o mundo, inclusive no Afeganistão.

Quando o homem do povo americano diz que se opõe à brutalidade terrorista e ao barbarismo, podemos acreditar nele. Mas quando tal discurso é proferido por Bush e o poder dominante dos Estados Unidos, não podemos dar-lhes crédito. O ataque terrorista de 11 de setembro foi um evidente ato brutalidade, mas não se pode delegar a responsabilidade para cuidar desse crime às classes dirigentes americanas, que são culpadas de crimes bem maiores.

A primeira tarefa da classe trabalhadora americana é tentar compreender as reais causas da presente situação. As raízes do problema não estão distantes da América, não se encontram no Afeganistão mas dentro dos próprios Estados Unidos. A classe dominante na América, e do resto do chamado mundo civilizado, isto é, capitalista, é em última análise responsável pela criação do estado de coisas que produziu o horrível massacre. Através de suas ações, ela está preparando novas e mesmo piores barbáries.

Quando a classe operária americana recuperar-se do profundo choque causado pela catástrofe de 11 de setembro, começará a compreender a real natureza do problema que enfrenta em casa e lá fora, e começará a lutar contra sua própria classe dominante. Ela não será enganada toda vida pela máquina de propaganda do poder dominante americano. Uma vez a poderosa classe operária americana se ponha em ação, mudará a situação do mundo em geral.

Os inimigos da classe trabalhadora americana não são as oprimidas massas afegãs, que enfrentam terrível opressão sob o domínio tirânico do regime talibã, instalado pela CIA e seus fantoches. Seu real inimigo está em casa: é o conhecido imperialismo americano. Constitui uma tarefa histórica da classe trabalhadora americana romper com sua classe dominante, suas políticas cruéis e brutais e sua insensível hipocrisia. É necessário opor-se à agressão americana contra o Afeganistão, e lutar contra o sistema capitalista, causa verdadeira da guerra, da morte, do terrorismo, do racismo, da fome do desemprego e da exploração em escala global.

Existe apenas uma forma de pôr fim a essas guerras desastrosas, ao terrorismo e ao fundamentalismo: é a classe trabalhadora assumir o poder e realizar as transformações socialistas.

Nós, o povo trabalhador do Afeganistão e do Paquistão, condenaremos vigorosamente qualquer agressão do imperialismo americano e das forças da NATO nesta parte do mundo. Nós não apenas condenamos os ataques, mas também tudo faremos dentro de nossas possibilidades para mobilizar o proletariado sob a bandeira do trabalho e do movimento sindical, a fim de resistir à agressão imperialista e combater o capitalismo, o latifúndio, utilizando a crise do sistema para, afinal, levantar bem alto a bandeira do socialismo.

Fonte: www.marxist.com

Disponível em:http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/guerra-do-afeganistao/bin-laden-e-o-imperialismo-americano.php. Acesso em:09/09/2011